Conselho Nacional dos Direitos Humanos pede cobertura mais equilibrada do conflito entre Israel e o Hamas na mídia brasileira.

O Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH) aprovou uma recomendação que visa influenciar a cobertura jornalística do conflito entre Israel e o Hamas. A recomendação foi proposta pela Comissão de Direito à Liberdade de Expressão e à Comunicação, após uma denúncia da Frente em Defesa do Povo Palestino (Fepal), e foi aprovada por unanimidade pelos membros do conselho.

De acordo com o presidente do CNDH, André Carneiro Leão, a recomendação visa garantir uma cobertura ética que respeite os fatos e observe o direito de todos os lados serem ouvidos. A recomendação pede que os veículos de comunicação, em especial as TVs e rádios que administram concessões públicas de radiodifusão, garantam uma maior diversidade de vozes e equilíbrio de fontes na cobertura do conflito. A intenção é evitar a apresentação de uma visão parcial, que, segundo Norian Segatto, diretor da Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj), é comum nas reportagens veiculadas no Brasil sobre o conflito.

Além disso, a recomendação também sugere que a mídia evite o uso de expressões que possam aumentar o preconceito a religiões ou grupos étnicos, como por exemplo o qualificativo de extremista ou terrorista para se referir ao Hamas. O CNDH argumenta que o Brasil segue a orientação da ONU de não colocar o Hamas como organização terrorista, e a mídia brasileira deveria seguir o mesmo padrão. Outra recomendação é que os veículos de comunicação deixem de tratar o conflito com a expressão Israel versus Hamas, pois isso, segundo o CNDH, esconde um histórico de 75 anos de ocupação israelense dos territórios palestinos.

Os membros do conselho justificam a decisão tomando como referência o número de mortos na Faixa de Gaza, especialmente crianças. Até o momento, quase 12 mil pessoas morreram no conflito, sendo que sete a cada dez mortes são de crianças. Além disso, várias organizações de direitos humanos, tanto internacionais quanto israelenses, nomeiam a ocupação da Palestina por Israel como um regime de apartheid.

A recomendação será enviada para os veículos de comunicação do país, incluindo os da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), para que possam tomar as devidas providências em relação à cobertura do conflito entre Israel e o Hamas.

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