Durante as últimas eleições, os eleitores mostraram uma preferência por candidatos que promoviam a defesa da família e estavam ligados ao agronegócio. Como resultado, a composição da Câmara dos Deputados e do Senado está agora dominada por políticos com interesses nos grandes produtores. No entanto, essa preferência eleitoral não é sinônimo de uma agenda conservadora. Na realidade, o Congresso tem se aventurado em pautas e projetos que representam um retrocesso em diversos aspectos.
Um exemplo disso foi a proposta de proibir o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo, que gerou um grande alvoroço na Câmara dos Deputados. Apesar de ter poucas chances de ser aprovado, o objetivo dessa proposta era disseminar preconceitos e agradar a base eleitoral de grupos ultrarreligiosos e bolsonaristas.
Outra discussão séria e preocupante é o caso do marco temporal. Senadores estão articulando uma votação urgente para reverter uma provável decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que garante o direito à ocupação de terras por povos indígenas. Além disso, parlamentares pretendem aprovar artigos que reduzem a proteção dessas populações. Essas ações colocam em risco a luta histórica dos povos indígenas pela demarcação e preservação de suas terras.
No Senado, também há uma tentativa de bloquear a modernização das regras sobre o porte de maconha, justificada como uma resposta ao “ativismo” do STF. Embora possa haver discordância sobre a proposta de descriminalização, é um retrocesso negar o avanço que seria estabelecer critérios objetivos para diferenciar traficantes de usuários.
O Congresso Nacional, portanto, está se distanciando dos ideais de justiça social, igualdade e progresso. A influência do lobby e dos interesses econômicos é evidente nas pautas em discussão, que vão contra direitos e conquistas importantes para diversos grupos da sociedade. É fundamental que a população esteja atenta às ações dos parlamentares e busque participar ativamente do processo político para evitar retrocessos e garantir o avanço do país em direção a uma sociedade mais justa e igualitária.