Confronto entre policiais militares e indígenas guarani-kaiowá gera tensão em área rural de Antônio João (MS)

Na tarde da última quinta-feira (12), um conflito entre policiais militares e indígenas guarani e kaiowá agitou a área rural da cidade de Antônio João, situada a cerca de 300 quilômetros de Campo Grande, a capital de Mato Grosso do Sul. O embate resultou no atendimento de ao menos três indígenas, sendo dois homens e uma mulher, no Hospital Municipal Dr. José Altair de Oliveira, que presta serviços de média complexidade.

Segundo informações do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o confronto teve início após um grupo de indígenas ocupar uma parte de uma fazenda que se sobrepõe a uma área reivindicada como território tradicional pelos guarani-kaiowá, conhecido como Ñande Ru Marangatu.

Essa região foi homologada como terra indígena em março de 2005 pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, abrangendo aproximadamente 9,3 mil hectares, sendo cerca de 1,3 mil deles ocupados pela Fazenda Barra. No entanto, mesmo após a homologação, a remoção dos não-indígenas do local permanece paralisada devido a disputas judiciais.

Diante da falta de solução definitiva, as comunidades indígenas decidiram “retomar” o território que lhes foi destinado. A Fazenda Barra era a última propriedade ainda não totalmente recuperada dentre as nove propriedades sobrepostas ao território dos guarani-kaiowá. Durante a ação de retomada, houve o confronto com policiais militares, que foram acionados para intervir na situação.

O Cimi alega que os indígenas foram atacados pela Polícia Militar durante a operação de retomada, conforme testemunhos e vídeos das vítimas baleadas sendo socorridas. Em resposta, a Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública reforçou o policiamento na região, inclusive com equipes do Batalhão de Choque, visando evitar novos conflitos.

A coincidência desse confronto com a visita de representantes de organizações sociais e órgãos públicos federais a regiões sul-mato-grossenses recentemente palco de outros embates entre produtores rurais e indígenas mostra a urgência de se encontrar soluções pacíficas e respeitosas para essas questões territoriais e étnicas. Diversas entidades sociais se posicionaram em solidariedade aos indígenas, criticando a ação da Polícia Militar e solicitando medidas para resguardar a integridade e os direitos das comunidades indígenas em conflito.

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