Segundo informações do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o confronto teve início após um grupo de indígenas ocupar uma parte de uma fazenda que se sobrepõe a uma área reivindicada como território tradicional pelos guarani-kaiowá, conhecido como Ñande Ru Marangatu.
Essa região foi homologada como terra indígena em março de 2005 pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, abrangendo aproximadamente 9,3 mil hectares, sendo cerca de 1,3 mil deles ocupados pela Fazenda Barra. No entanto, mesmo após a homologação, a remoção dos não-indígenas do local permanece paralisada devido a disputas judiciais.
Diante da falta de solução definitiva, as comunidades indígenas decidiram “retomar” o território que lhes foi destinado. A Fazenda Barra era a última propriedade ainda não totalmente recuperada dentre as nove propriedades sobrepostas ao território dos guarani-kaiowá. Durante a ação de retomada, houve o confronto com policiais militares, que foram acionados para intervir na situação.
O Cimi alega que os indígenas foram atacados pela Polícia Militar durante a operação de retomada, conforme testemunhos e vídeos das vítimas baleadas sendo socorridas. Em resposta, a Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública reforçou o policiamento na região, inclusive com equipes do Batalhão de Choque, visando evitar novos conflitos.
A coincidência desse confronto com a visita de representantes de organizações sociais e órgãos públicos federais a regiões sul-mato-grossenses recentemente palco de outros embates entre produtores rurais e indígenas mostra a urgência de se encontrar soluções pacíficas e respeitosas para essas questões territoriais e étnicas. Diversas entidades sociais se posicionaram em solidariedade aos indígenas, criticando a ação da Polícia Militar e solicitando medidas para resguardar a integridade e os direitos das comunidades indígenas em conflito.