Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas de 2023 em Dubai traz avanços globais, mas deixa a desejar em metas mais rígidas.

A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2023 (COP28) foi marcada por avanços globais significativos, mas também por decepções em relação à falta de metas mais rigorosas para enfrentar a crise climática. Realizada entre 30 de novembro e 13 de dezembro em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, a conferência foi acompanhada de perto por organizações ambientais que apontaram os pontos positivos e negativos do evento.

Uma das principais conquistas da COP28 foi a aprovação de um acordo histórico para promover a transição energética, reduzindo o uso de combustíveis fósseis. Pela primeira vez na história das conferências das Nações Unidas sobre o clima, um documento final refletiu a importância da transição dos combustíveis fósseis para fontes energéticas alternativas. No entanto, para organizações como a Fundação SOS Mata Atlântica e o Greenpeace Brasil, as metas estabelecidas ainda não são suficientemente rígidas para garantir um futuro climático seguro.

Segundo o diretor-executivo da Fundação SOS Mata Atlântica, Luís Fernando Guedes Pinto, o texto final assinado pelos quase 200 países participantes ainda não é firme o suficiente para garantir a eliminação dos combustíveis fósseis no prazo necessário, mas coloca a questão no centro da agenda internacional. O diretor de Florestas e Políticas Públicas da BVRio e membro do Grupo Estratégico da Coalização Brasil, Beto Mesquista, por outro lado, avalia que a COP28 superou as expectativas, demonstrando que, mesmo em um país produtor de petróleo como os Emirados Árabes Unidos, ainda é possível avançar na questão da transição energética.

Além da transição energética, outra conquista da COP28 foi a criação do Fundo Climático de Perdas e Danos, que receberá doações voluntárias de países como Japão, Emirados Árabes Unidos, Reino Unido e Alemanha, totalizando US$ 420 milhões. O fundo será hospedado no Banco Mundial e administrado por um conselho formado por 26 membros de países desenvolvidos e em desenvolvimento.

Em relação à participação brasileira, a COP28 marcou o retorno do país a uma posição de destaque nas discussões socioambientais globais. O Brasil demonstrou influência no processo e propôs mecanismos inovadores para a conservação de florestas em todo o planeta. No entanto, segundo a porta-voz do Greenpeace Brasil, Luiza Lima, para cumprir o que defende, o país precisa adotar medidas que impactem internamente, evitando ambiguidades em relação à exploração de petróleo em áreas sensíveis como a Amazônia.

A partir do que foi acordado na COP28, os países terão até 2025 para apresentar seus novos planos nacionais e cumprir as Contribuições Nacionalmente Determinadas. No caso do Brasil, a NDC atualizada estabelece a redução de emissões em 48% até 2025 e 53% até 2030 em relação a 2005. A presidente do Instituto Talanoa, Natalie Unterstell, ressalta a importância de o Brasil implementar de forma transparente e eficaz as metas estabelecidas.

Assim, a COP28 foi marcada por avanços importantes, mas ainda há desafios a serem enfrentados. A expectativa é que os países continuem trabalhando juntos na busca de soluções eficazes para combater as mudanças climáticas, visando um futuro mais sustentável para o planeta.

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