Segundo os pesquisadores, durante a crise da covid-19 houve um comportamento atípico por parte dos investidores em relação aos títulos de dívida soberana. Diferentemente da crise financeira global de 2007, os investidores estrangeiros não buscaram refúgio nos títulos do Tesouro dos EUA, mas sim venderam esses títulos de longo prazo, em um movimento denominado de ‘flight from maturity’, refletindo o temor fiscal que se aproximava.
Os rendimentos dos Treasuries aumentaram significativamente durante a pandemia, assim como o prêmio dos títulos de dívida soberana de outras economias avançadas como França, Alemanha e Reino Unido. Os pesquisadores alertam que as compras de ativos em larga escala realizadas pelos bancos centrais podem ter implicações indesejáveis nas finanças públicas, prejudicando os contribuintes e beneficiando os detentores de títulos.
Além disso, eles apontam que essas transações também podem distorcer os incentivos dos governos e prejudicar os preços nos mercados de títulos soberanos. Os autores chamam a atenção para a possibilidade de os governos superestimarem sua verdadeira capacidade fiscal devido a essas compras em larga escala.
Diante disso, os reguladores de política, incluindo os bancos centrais, precisam considerar esse novo comportamento dos investidores estrangeiros ao avaliar se os mercados de títulos estão funcionando adequadamente. Portanto, é fundamental monitorar de perto as ações dos bancos centrais e os efeitos que essas compras de ativos podem ter no panorama financeiro global.