Recentemente, a reportagem “Como o Hamas usou a violência sexual como arma nos ataques de 7 de outubro” gerou grande impacto e discussões na internet. O texto, publicado pela Folha, é resultado de uma investigação de dois meses realizada por jornalistas do New York Times. O objetivo foi dar voz às dezenas de mulheres e meninas que foram vítimas de estupro e violência perpetrados por terroristas do Hamas durante os ataques de 7 de outubro.
O relato detalhado do horror vivido por essas mulheres é extremamente chocante e evidencia a crueldade que tem um corte de gênero muito específico. No entanto, o que é ainda mais perturbador são os comentários que surgiram em resposta à reportagem. Muitos trataram o relato como “fake news do lobby sionista”, desacreditaram as informações apresentadas e até mesmo demonstraram desdém pelas vítimas. A misoginia antissemita também se fez presente, com mulheres engrossando o coro da intolerância.
Além disso, a reportagem do New York Times, assim como outros artigos sobre o tema, não busca discutir geopolítica ou apontar culpados na guerra, mas sim evidenciar a violência sexual como arma de guerra e a negligência em relação a esse tipo de crime. A jornalista Christina Lamb, autora do livro “Nosso corpo, seu campo de batalha”, destaca a dificuldade das vítimas em relatar a violência que sofreram, muitas vezes levando anos ou décadas para conseguirem falar sobre o trauma.
A reportagem também ressalta que o estupro é o crime de guerra mais negligenciado, e que, enquanto as pessoas frequentemente discutem conflitos étnicos ou nacionais, as vítimas que são lembradas são aquelas que foram mortas, não as que foram brutalmente violadas. Portanto, é fundamental dar visibilidade a essa questão e combater a falta de empatia e o ódio que envolvem o tema.
Diante dos relatos devastadores e das evidências apresentadas, é preocupante ver a falta de credibilidade atribuída às vítimas e a perpetuação do antissemitismo. É fundamental repensar a abordagem e o suporte oferecido para as vítimas de violência sexual em zonas de conflito, garantindo que elas sejam ouvidas, respeitadas e acolhidas.
Portanto, a reportagem do New York Times é um grito de alerta sobre a barbárie a que mulheres foram submetidas durante os ataques de 7 de outubro, destacando a necessidade de combater o antissemitismo, a misoginia e a violência de gênero em todas as suas formas. O horror além da guerra precisa ser reconhecido, enfrentado e transformado.