Comissão de juristas do Senado trabalha em esforço concentrado para votar propostas de alteração no Código Civil em semana decisiva.

A comissão de juristas encarregada de revisar e modernizar o Código Civil está realizando um esforço concentrado no Senado na próxima semana, de 1º a 5 de abril, para votar o relatório final contendo propostas de alteração em mais de mil artigos. Entre os temas mais controversos que estão em discussão estão o direito da família, dos animais e de propriedade.

Um dos pontos que tem gerado polêmica, principalmente no campo conservador, é a questão dos direitos do nascituro – o feto em gestação. O texto de um dos relatórios apresentados em fevereiro levantou questionamentos ao usar a expressão “para efeitos deste Código Civil” ao se referir à proteção dos direitos do nascituro. Essa expressão foi interpretada por alguns grupos como uma tentativa de facilitar o aborto, o que foi negado pelo jurista Flávio Tartuce, um dos relatores da reforma do Código Civil.

Segundo Tartuce, o trabalho da comissão de juristas é técnico e não possui motivações ideológicas. Ele enfatizou que o projeto não trata do aborto e que ainda não há um relatório final aprovado, com diversas emendas e destaques sendo discutidos. Tartuce também ressaltou que o Código Civil sempre provoca debates, uma vez que abrange a vida do cidadão desde antes do nascimento até após a morte.

Em resposta a críticas de organizações como a União de Juristas Católicos, que se posicionaram contra qualquer revisão do Código Civil, Tartuce esclareceu que a proposta não busca uma “refundação da sociedade”, mas sim uma atualização necessária para resolver problemas e acompanhar as mudanças na sociedade.

O Código Civil brasileiro atual entrou em vigor em 2002, após quatro décadas de discussões, e regula diversos aspectos da vida em sociedade. Com mais de 2 mil artigos, o código aborda temas como casamentos, contratos, heranças e direitos das empresas, sendo considerado por alguns como a “Constituição do homem comum”.

Diversas mudanças estão sendo propostas para o Código Civil, incluindo a inclusão de direitos e deveres previstos em tratados internacionais, a definição do término da personalidade civil como a morte encefálica, e o reconhecimento dos animais como “objetos de direitos”. Além disso, estão em discussão a atualização do direito de família, a criação de um novo livro para tratar do direito digital e alterações sobre direitos relacionados à propriedade. A comissão de juristas tem até 12 de abril para apresentar um projeto de lei com as novas propostas ao presidente do Senado.

Em resumo, a revisão do Código Civil é um processo complexo e essencial para adaptar a legislação brasileira às mudanças sociais e tecnológicas em constante evolução. A comissão de juristas está trabalhando para modernizar e aprimorar a legislação civil, garantindo que ela continue a atender às necessidades e realidades da sociedade contemporânea.

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