Chile e Brasil: Comparando as Ditaduras de Pinochet e do Regime Militar em 25 Palavras

Chile e Brasil: Ditaduras que marcaram a América Latina

A América Latina foi palco de diversas ditaduras ao longo do século XX. Duas delas, as ditaduras chilena e brasileira, duraram anos e tiveram consequências profundas para seus países.

No Chile, a ditadura de Augusto Pinochet durou 17 anos, de 1973 a 1990. Ela teve origem em uma profunda crise econômica e social, agravada pelas medidas do governo de Salvador Allende, que irritaram o empresariado chileno e os Estados Unidos. Allende nacionalizou minas de cobre, estatizou companhias e promoveu a reforma agrária. Pinochet, então chefe das Forças Armadas, assumiu o poder e derrubou Allende.

A interferência dos Estados Unidos no Chile não se limitou ao apoio ao golpe. O governo americano tentou evitar a vitória de Allende nas eleições e financiou grupos de extrema direita, além de dificultar a venda de matérias-primas chilenas como o cobre.

A estrutura de poder durante a ditadura chilena foi marcada pela abolição de partidos políticos e dissolução do Congresso. O poder político civil se limitava à participação de empresários e economistas no Conselho de Estado. Pinochet acumulou os cargos de chefe das Forças Armadas e chefe do Executivo.

A economia chilena adotou a doutrina neoliberal da Escola de Chicago, com a privatização da educação, saúde e previdência, e a redução máxima das contas públicas. No entanto, ao fim da ditadura, o poder de compra do salário mínimo era inferior ao seu início.

A repressão durante a ditadura chilena foi uma das mais brutais da América Latina. A polícia secreta de Pinochet, a Dina, sequestrava e torturava opositores do regime, além de controlar a informação através da censura e da vigilância.

No Brasil, a ditadura militar durou 21 anos, de 1964 a 1985. João Goulart, conhecido como Jango, assumiu o poder sob a desconfiança dos militares, que o viam como um agitador comunista. Ao longo de seu mandato, as demandas por reforma agrária e os interesses conservadores entraram em conflito, resultando no golpe militar que depôs Jango.

A interferência dos Estados Unidos no Brasil ocorreu principalmente através da Operação Condor, que coordenou a repressão nas ditaduras do Cone Sul. Embora o governo americano tivesse conhecimento das violações de direitos cometidas pelo regime brasileiro, ele minimizava os abusos para justificar seu apoio.

A estrutura de poder no Brasil durante a ditadura mantinha a aparência de uma democracia, com o funcionamento do Congresso e a oposição formal tolerada. No entanto, o Executivo armado tinha poder superior aos demais e a atuação jurídica era feita através dos Atos Institucionais.

A economia brasileira durante a ditadura passou por um período de crescimento conhecido como o “Milagre Brasileiro”, mas a distribuição de renda não recebeu a mesma atenção, resultando em aumento da desigualdade. O crescimento foi interrompido pela crise do petróleo em 1979.

A repressão durante a ditadura brasileira foi gradual, com a estruturação de um sistema de prisões, tortura e assassinatos, principalmente a partir de 1968, com o AI-5. Além disso, houve censura e espionagem, com apoio financeiro de parte do empresariado.

A oposição durante a ditadura chilena praticamente desapareceu, com a saída dos líderes de esquerda do país, seja por exílio ou desaparecimento forçado. A resistência partiu principalmente do operariado, dos movimentos guerrilheiros e da Igreja Católica. No Brasil, a oposição era composta principalmente pela esquerda armada, mas também incluía vozes da imprensa e da classe artística.

A abertura política nos dois países ocorreu em momentos de crise econômica e pressão popular. No Chile, a crise econômica de 1972 levou os partidos a voltarem à atividade política direta e, em 1988, a população decidiu por fim ao regime em um plebiscito. No Brasil, o general Ernesto Geisel propôs uma abertura “lenta, gradativa e segura” em 1974, mas a oposição cresceu e, em 1984, o movimento pelas eleições diretas ganhou força. Apesar do fracasso do movimento, a ditadura chegou ao fim em 1985.

A relação com a memória das ditaduras ainda é um desafio nos dois países. No Chile, uma comissão foi criada em 1990 para investigar as violações de direitos humanos, mas a lei outorgada durante a ditadura impediu o julgamento de muitos dos responsáveis pelos crimes. No Brasil, a Comissão Nacional da Verdade foi instituída apenas em 2012 e, até hoje, as medidas recomendadas não foram assumidas como política de Estado. Os crimes cometidos durante o período ainda são tratados como tabu pelas Forças Armadas.

As ditaduras chilena e brasileira deixaram marcas profundas em seus respectivos países. A luta pela memória e pela justiça continua, enquanto as sociedades buscam lidar com o legado desses regimes autoritários.

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