Casai Yanomami: um ano após emergência de saúde, hospital de passagem segue lotado e improvisado, sem resolução à vista

Há quase um ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT), visitou Boa Vista e considerou a situação da Casa de Saúde Indígena (Casai) Yanomami como desumana. Na ocasião, Lula prometeu que equipes médicas chegariam às aldeias no território, a fim de evitar o transporte dos yanomamis e seus parentes para a cidade em busca de tratamento. No entanto, quase um ano após a declaração de emergência em saúde pública e a visita do presidente, a Casai Yanomami ainda opera como um hospital improvisado, com uma lotação acima de sua capacidade.

A capacidade da Casai é de 442 redes e 16 leitos, mas no momento da visita da equipe de reportagem, havia 276 pacientes e 310 acompanhantes, totalizando 586 indígenas. A unidade continua operando como um hospital improvisado, apesar de sua função inicial ser servir como casa de passagem e acolhimento para os indígenas e seus familiares que precisam de atendimento na rede hospitalar em Boa Vista.

A crise humanitária atingiu seu ápice, deixando quase 900 yanomamis na Casai, muitos deles por meses, sem retorno ao território tradicional. A situação é agravada pelo retorno do garimpo, contribuindo para um aumento significativo de casos de malária, desnutrição crônica, internações de crianças e outras complicações de saúde.

Os profissionais de saúde que atuam na Casai enfrentam dificuldades em administrar a suplementação alimentar nos casos de desnutrição, e mesmo com algum progresso, a crise está longe de terminar e o déficit de profissionais de saúde é evidente. A situação é tão grave que no último mês, nove crianças com desnutrição grave precisaram ser transferidas da Casai para internação no Hospital da Criança Santo Antônio, em Boa Vista.

Os desafios enfrentados pela Casai Yanomami revelam a complexidade e gravidade da situação desumana e preocupante que persiste há quase um ano. A falta de efetividade das medidas prometidas pelo presidente Lula contrasta com a realidade de um hospital improvisado, superlotado e que não consegue atender adequadamente a população indígena. A crise de saúde pública no território Yanomami é um reflexo das políticas e práticas que negligenciam e subestimam os direitos e a dignidade dos povos indígenas. A equipe de saúde lida diariamente com o desafio de garantir atendimento e cuidados de saúde adequados em meio a condições extremamente precárias.

A luta pela melhoria das condições de saúde e qualidade de vida dos indígenas Yanomami continua, enquanto a situação da Casai Yanomami permanece como um alerta para a urgência de ações concretas e eficazes para enfrentar essa crise humanitária. A superlotação do hospital improvisado, a falta de profissionais de saúde, a desnutrição e a ocorrência de doenças graves evidenciam a necessidade urgente de medidas que garantam o atendimento e o cuidado necessário aos indígenas Yanomami em seu território.

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