Campos Neto afirma que ninguém quer mudança drástica que afete as pessoas ao falar sobre a solução para o rotativo.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em uma entrevista ao Poder360, afirmou nesta quinta-feira (17) que nenhum dos participantes envolvidos no debate em busca de uma solução para os altos juros do rotativo do cartão de crédito deseja tomar decisões que tenham impacto abrupto no consumo da população brasileira. Segundo Campos Neto, a intenção é reequilibrar a situação de forma a não prejudicar o poder de compra das pessoas.

Atualmente, além dos juros altos, é cobrada uma taxa de 2% daqueles que não pagam integralmente a fatura do cartão. O presidente do BC ressaltou a importância de encontrar uma maneira de reequilibrar essa situação, evitando que as pessoas percam poder de compra. Ele explicou que o assunto está sendo discutido com vários setores e que ainda não foi tomada nenhuma decisão. O Banco Central fornece o aspecto técnico, o Congresso analisa a viabilidade política das propostas e o Ministério da Fazenda trabalha na ligação entre o aspecto técnico e o que pode ser aprovado pelo Congresso.

Na semana passada, durante uma audiência com senadores, Campos Neto mencionou que o fim do rotativo do cartão de crédito era a solução que estava avançando nas discussões. Ele também mencionou a possibilidade de criar uma tarifa para frear o parcelamento sem juros, uma proposta que não é bem vista pelos técnicos da autoridade monetária nem pelos lojistas e consumidores.

Após o episódio, o presidente do BC recebeu críticas por ter antecipado o assunto no Congresso Nacional. Para evitar mais desgaste, ele se limitou a dizer que é necessário encontrar um reequilíbrio na equação e destacou a importância do parcelamento sem juros para a economia e para o consumo da população.

Existe a expectativa de que uma solução seja encontrada nos próximos 90 dias, conforme indicado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Nesta quinta-feira, o ministro vai se reunir com representantes da Associação Brasileira de Internet (Abranet) e da Associação Brasileira de Instituições de Pagamentos (Abipag) para discutir o assunto.

Os bancos cobraram em junho uma taxa média de juros de 437,3% ao ano no rotativo do cartão de crédito, de acordo com dados do Banco Central. A inadimplência na modalidade ficou em 49,1% no mesmo mês. Especialistas recomendam o uso do rotativo apenas em casos emergenciais, já que é a linha de crédito mais cara do mercado.

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