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Butantan e Universidade São Francisco desenvolvem peptídeo promissor no tratamento do Alzheimer.

Pesquisa inédita realizada pelo Instituto Butantan em parceria com a Universidade São Francisco (USF) resultou no desenvolvimento de um peptídeo promissor para o tratamento do Alzheimer. Segundo estudo publicado na Frontiers in Pharmacology, a molécula modificada em laboratório a partir de uma proteína encontrada na merluza (Merluccius productus) conseguiu inibir a principal enzima causadora da doença, a BACE-1. Com a sua eficácia, o peptídeo se torna uma grande esperança no combate a uma doença que atinge 70% dos casos de demência no mundo e afeta 40 milhões de pessoas.

A descoberta é fruto de anos de estudo e dedicação da bióloga Juliana Mozer Sciani, que conduziu o trabalho e foi responsável por fazer modificações na sequência do peptídeo até chegar à versão mais potente contra a enzima BACE-1. A substância, de acordo com a pesquisadora, mostrou-se segura e sem toxicidade durante os ensaios em animais saudáveis, o que é um grande avanço na busca por um tratamento eficaz para o Alzheimer.

Outro grande diferencial do peptídeo é a sua capacidade de alcançar o cérebro dos modelos animais. Após a administração do composto, ele conseguiu passar por diversos órgãos e atingir o cérebro em apenas duas horas, o que é um resultado bastante promissor para o seu potencial terapêutico. Os testes em modelos animais com a doença de Alzheimer serão os próximos passos para avaliar a eficácia do peptídeo como um tratamento.

Além disso, a pesquisa aponta que venenos e secreções animais, inclusive marinhos, são ricos em peptídeos bioativos, representando um grupo de moléculas com alto potencial e que raramente são estudadas e exploradas do ponto de vista farmacológico. Portanto, a descoberta do peptídeo desenvolvido a partir da proteína encontrada na merluza abre portas para novos estudos e desenvolvimentos de possíveis tratamentos para doenças relacionadas ao sistema nervoso.

Atualmente, existem apenas dois grupos de medicamentos aprovados para tratar o Alzheimer, que ajudam a aumentar a expectativa de vida e amenizar sintomas, mas não curam. No entanto, esses medicamentos provocam uma série de efeitos adversos, o que ressalta a importância da busca por alternativas mais eficazes e seguras.

Segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, estudos de longa duração sugerem que práticas saudáveis, como atividades físicas, alimentação balanceada e consumo limitado de álcool, podem ajudar a reduzir o risco de desenvolver a doença de Alzheimer. Portanto, a pesquisa do Instituto Butantan e da Universidade São Francisco representa um grande avanço na busca por um tratamento eficaz contra uma das principais causas de demência no mundo.

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