Brasil precisa triplicar vagas em ensino técnico para aumento de até 23% no PIB, aponta estudo

A importância do ensino técnico no Brasil tem sido tema de debate no contexto da reforma do ensino médio. Comparado a outros países, os índices de matrícula em cursos técnicos no Brasil são muito baixos, o que mostra a necessidade de expandir e melhorar a oferta dessa modalidade de ensino.

De acordo com dados da OCDE, a Áustria é o país que possui o maior percentual de estudantes matriculados no ensino médio técnico, com um índice de 68%. Enquanto isso, no Brasil, esse número é de apenas 8%. Além disso, os gastos por aluno na Áustria são mais do que o triplo dos gastos por aluno no Brasil.

Um grande obstáculo para expandir o ensino técnico no Brasil é a falta de infraestrutura adequada. Muitas escolas públicas não possuem laboratórios de ciências ou bibliotecas, o que dificulta a qualidade do ensino e o acesso dos estudantes a recursos educacionais.

A reforma do ensino médio, implementada pelo governo Lula em 2022, buscou aproximar essa etapa escolar dos interesses dos jovens e do mundo do trabalho. Uma das propostas da reforma foi oferecer cinco opções de itinerários de aprofundamento, incluindo o ensino técnico profissional.

Apesar das críticas e discussões sobre a redução dessas opções de itinerários, a importância do ensino técnico não tem sido questionada. O diretor de operações do Senai, Gustavo Leal, destaca a importância de permitir que alunos da educação básica tenham integração com os cursos técnicos de educação profissional.

No entanto, a capacidade das redes de ensino de oferecer essa integração é limitada, especialmente as secretarias de educação estaduais, que concentram a maioria das matrículas. O sistema de institutos federais e organizações como o Centro Paula Souza, em São Paulo, não conseguem suprir a demanda.

Claudia Costin, presidente do Instituto Singularidades, ressalta a importância de ter professores qualificados para o ensino técnico e que entendam as necessidades desse tipo de formação. Além disso, ela destaca a conexão entre o ensino médio e o mundo do trabalho como um aspecto crucial para preparar os jovens para a sociedade e o mercado de trabalho.

Em países como Alemanha, Finlândia, Colômbia, Uruguai e África do Sul, há uma divisão do currículo entre uma trilha acadêmica e uma trilha técnica. Na Alemanha e na Suíça, o encaminhamento para a educação profissional já ocorre no ensino fundamental.

No Brasil, a maioria dos estudantes matriculados em cursos técnicos de nível médio já concluiu o ensino médio regular. A pesquisa da Universidade de Stanford destaca que, para além da flexibilidade curricular, a cobertura da educação profissional e tecnológica é fundamental para o sucesso do sistema de ensino.

Gustavo Leal, do Senai, enfatiza a importância de uma maior conexão entre o ensino técnico e o setor produtivo, já que as tecnologias estão em constante evolução. Claudia Costin ressalta que uma formação técnica sólida tem o potencial de preparar os jovens para lidar com essa evolução e se destacar no mercado de trabalho.

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