A criação de uma instituição de ensino superior dedicada exclusivamente às comunidades tradicionais tem sido uma demanda antiga do movimento indígena. Em consonância com essa necessidade, o Ministério da Educação formou um grupo de trabalho em abril deste ano para avaliar a viabilidade da Universidade Indígena.
Fernando Antonio dos Santos Matos, coordenador de Articulação Institucional da Secretaria de Educação Superior, ressaltou a importância de valorizar e preservar as culturas e conhecimentos dos povos originários por meio da universidade. Ele enfatizou que a instituição não deve ser um espaço de segregação, mas sim de inclusão dos saberes tradicionais, contribuindo para a preservação e disseminação das línguas e práticas culturais indígenas.
O diretor do Departamento de Línguas e Memórias do Ministério dos Povos Indígenas, Eliel Benites, apontou que a criação da Universidade Indígena representaria uma reparação histórica, possibilitando o diálogo entre os conhecimentos ancestrais e científicos não-indígenas para a construção de um novo pensamento intercultural.
Durante a audiência pública, Rutian Pataxó, representante do Encontro Nacional dos Estudantes Indígenas (Enei), destacou a importância da autonomia da universidade, salientando a necessidade de um conselho deliberativo composto por representantes das etnias para garantir a participação efetiva dos povos indígenas na construção do espaço acadêmico.
A presidente da CMA, senadora Leila Barros (PDT-DF), também defendeu a iniciativa, enfatizando que os conhecimentos dos povos tradicionais podem contribuir para a proteção do meio ambiente. Rosana Martinelli (PL-MT) ressaltou a importância do acesso ao conhecimento para as comunidades tradicionais, argumentando que o desenvolvimento e a oportunidade de aprendizado são essenciais para o progresso das tribos indígenas.
Diante do panorama favorável à criação da Universidade Indígena, o senador Bene Camacho sugeriu que a instituição seja financiada com recursos do Fundo Amazônia, gerido pelo BNDES, destacando a importância de formalizar o projeto antes da COP 30, em novembro de 2025. A expectativa é que a universidade seja um marco na promoção do saber intercultural e na valorização da diversidade cultural brasileira.