Com o apoio da organização não governamental WWF-Brasil, uma expedição científica foi realizada em cinco bancos da cadeia montanhosa submersa Norte, próximo à costa dos estados do Ceará e Rio Grande do Norte, onde foi registrado o branqueamento em populações da espécie Agaricia fragilis a 60 metros de profundidade.
Além disso, os pesquisadores observaram que o branqueamento atingiu todas as seis espécies de corais presentes nesses bancos, incluindo o coral-de-fogo Millepora alcicornis, que nunca havia sido visto habitando a profundidade de 40 metros, conhecida como zona mesofótica.
O pesquisador da UFPE, Mauro Maida, expressou surpresa com a descoberta, mencionando que o coral-de-fogo encontrado a essa profundidade foi o maior banco dessa espécie registrado no Brasil até o momento. A zona mesofótica é uma região um pouco mais profunda do oceano, onde a luz solar alcança, embora de maneira menos intensa, e a temperatura do oceano é mais fria que na superfície.
O branqueamento dos corais é um indicador preocupante das mudanças climáticas globais, segundo Maida, que afirmou que o fenômeno está se tornando mais comum e afetando também as regiões mais profundas dos oceanos. O coordenador do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Marinha do Nordeste (Cepene), Leonardo Messias, destacou a seriedade da transformação climática e como ela afeta a vida marinha.
Este ano, uma nova onda de branqueamento global está impactando recifes de corais em todo o mundo, e no litoral nordeste do Brasil, esse fenômeno vem sendo observado desde março. A descoberta dos cientistas da UFPE traz um alerta sobre a urgência de ações para proteger e preservar os ecossistemas marinhos em meio às mudanças climáticas em curso.
