Bagé se transforma em palco do cinema sul-americano com 15 anos de Festival Internacional da Fronteira.

A cidade de Bagé, localizada a 370 quilômetros de Porto Alegre, é considerada um símbolo do povo gaúcho. A região, inserida no bioma pampa, possui uma população de aproximadamente 121 mil habitantes e tem na pecuária sua principal fonte de renda. No entanto, nos últimos 15 anos, Bagé vem se destacando também como um polo cultural, especialmente no que diz respeito ao cinema.

O Festival Internacional de Cinema da Fronteira, que aconteceu recentemente, reuniu diretores, atores e demais profissionais do audiovisual, incluindo a renomada diretora argentina Lucrecia Martel e o ator gaúcho Flávio Bauraqui. O grande vencedor do festival foi o filme “A Transformação de Canuto”, de Ariel Kuaray Ortega e Ernesto de Carvalho, que aborda a realidade de uma comunidade mbyá-guarani na fronteira entre Brasil e Argentina.

O evento contou com a participação de sete longas-metragens e 51 curtas sul-americanos, sendo uma oportunidade única para a exibição e premiação de produções cinematográficas da região. Além disso, houve mostras adicionais nas cidades de Santana de Livramento e Rivera, no Uruguai.

Segundo o cineasta Zeca Brito, idealizador do festival, a iniciativa surge da necessidade de proporcionar um espaço de apreciação do audiovisual local. Bagé, com seu rico ambiente cultural, sempre teve uma tradição artística marcante, que inclui músicos nativistas gaúchos e artistas do Grupo de Bagé.

A história tumultuada da região de Bagé, que foi palco de confrontos entre diferentes etnias e nações, contribui para a diversidade e riqueza cultural do local. A fundação da cidade remonta ao século XIX, com a instalação de um acampamento do exército imperial, que deu origem a uma vila e posteriormente a um polo econômico.

O festival de cinema representa, portanto, não apenas uma oportunidade de entretenimento, mas também um resgate da memória e uma valorização da cultura local. Ao promover a exibição de filmes em espaços históricos da cidade, como a Vila de Santa Thereza, o evento contribui para a preservação do patrimônio e para o enriquecimento cultural da população bageense.

Por fim, a visão de Bagé como um polo multicultural em um contexto de defesa e integração internacional é destacada pelo cineasta Zeca Brito. A cidade, apesar de estar distante das grandes metrópoles, é vista como um espaço de encontro e convergência de diferentes culturas, o que reforça sua importância no cenário cultural latino-americano. O Festival Internacional de Cinema da Fronteira, ao completar 15 anos, consolida-se como um evento crucial para a promoção e valorização do cinema regional e sul-americano.

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