No Rio de Janeiro, a Secretaria Estadual de Saúde registrou um aumento de mais de 300% de casos da doença até julho deste ano, em comparação com todo o ano de 2023. Já em São Paulo, a situação se mostra ainda mais alarmante, com um aumento de 1178% nos primeiros seis meses do ano apenas na capital. Os números são preocupantes, conforme dados da Secretaria Municipal da Saúde, que registrou 165 casos na cidade, comparado aos 14 do mesmo período no ano passado.
Além do Brasil, países da União Europeia também vêm enfrentando um aumento nos casos de coqueluche, o que gerou um alerta global com o início dos Jogos Olímpicos de Paris em duas semanas. De acordo com informações do European Centre for Disease Prevention and Control (ECDC), mais de 32 mil casos da doença foram registrados entre janeiro e março deste ano em pelo menos 17 países do bloco.
O professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal Fluminense (UFF), André Ricardo Araujo da Silva, destacou que a crise sanitária enfrentada no Brasil e na Europa está diretamente ligada à disseminação de informações falsas e à falta de vacinação. Ele ressaltou que o avanço da internet nos últimos anos contribuiu para a propagação do movimento antivacina, levando muitos pais a não vacinarem seus filhos.
A coqueluche é uma doença infecciosa causada pela bactéria Bordetella pertussis, que afeta exclusivamente os seres humanos. Transmitida pelo ar, a doença se espalha facilmente quando uma pessoa infectada tosse ou espirra. Os sintomas se assemelham aos de um resfriado comum, incluindo coriza, mal-estar, tosse intensa e vômitos, principalmente em crianças pequenas. O diagnóstico é feito por meio de exames laboratoriais específicos.
O tratamento envolve o uso de antibióticos e medidas para atenuar os sintomas, porém as autoridades de saúde ressaltam que a prevenção é fundamental através da vacinação. O Ministério da Saúde recomenda a imunização das crianças com as três doses da vacina, além dos reforços aos 15 meses e aos 4 anos de idade. Ampliar a cobertura vacinal é essencial para proteger a população e evitar o aumento dos casos de coqueluche.