Das oito vítimas, quatro foram atingidas durante ações ou operações policiais. Um dos casos que chamou a atenção foi o de Thiago Menezes Flausino, de 13 anos, que foi morto a tiros na Cidade de Deus. A Corregedoria da Polícia Militar indiciou os policiais que estavam no local por suspeitas de plantar uma arma, utilizar um carro descaracterizado e drones não pertencentes à corporação. Infelizmente, nenhum dos policiais do Choque que participaram da ação estava utilizando câmeras nas fardas, o que dificulta a identificação de onde partiu o tiro que atingiu e matou Thiago.
Outro caso chocante ocorreu durante uma abordagem policial, quando Wendell Eduardo, de 17 anos, que estava na garupa de uma moto, foi morto a tiros. Moradores da comunidade Cova da Onça realizaram uma manifestação em resposta a essa morte, que, segundo testemunhas, foi reprimida a tiros pelos policiais militares. Um desses tiros atingiu a menina Eloáh Passos, de apenas 5 anos, que estava brincando no quarto.
Além desses casos, há relatos de outras vítimas de violência armada, como a adolescente Kamily Gimenes Silva, de 14 anos, que foi morta a tiros após o ex-cunhado tentar matar sua irmã no morro do São João, e Bryan Santos, de 16 anos, que foi morto por uma bala perdida ao tentar proteger a amiga durante um tiroteio em São Gonçalo.
O número alarmante de crianças e adolescentes baleados durante o mês de agosto levanta questões sobre a falta de políticas de segurança eficientes e a falta de indignação da sociedade diante dessas mortes. Maria Isabel Couto, diretora de Dados e Transparência do Instituto Fogo Cruzado, questiona como é possível que esse tipo de violência seja tratado como algo normal e ressalta a necessidade de cobrar mudanças profundas por parte do poder público.
O relatório também aponta outros dados preocupantes, como a ocorrência de 155 tiroteios e disparos de arma de fogo na região metropolitana do Rio de Janeiro em agosto, representando uma queda de 54% em relação ao mesmo período de 2022, que registrou 338 casos. Além disso, 24,5% desses tiroteios aconteceram durante ações e operações policiais, uma queda de 69% em relação a agosto de 2022.
No total, ao menos 119 pessoas foram baleadas em agosto, com 65 mortes e 54 feridos. Comparado ao mesmo mês do ano passado, houve uma queda de 22% nas mortes e 52% nos feridos. Entre essas vítimas, 43% foram atingidas em tiroteios envolvendo ações e operações policiais.
Os números apresentados reforçam a necessidade urgente de medidas efetivas para combater a violência armada e garantir a segurança da população, principalmente das crianças e adolescentes. É importante que a sociedade e o poder público se mobilizem para cobrar mudanças e evitar que mais vidas sejam perdidas para a violência.