A poeta ressalta a diferença entre guerra e massacre, mostrando como os troianos na Ilíada nunca tiveram chances reais de vitória devido à influência dos deuses gregos. Esse questionamento sobre a glorificação de atos violentos reverbera em questões contemporâneas, como a violência policial e a posição da mulher na sociedade.
Durante a encenação, Luiza Romão estabelece um diálogo direto com a plateia, contextualizando os versos e compartilhando experiências pessoais, como sua leitura do poema épico durante uma viagem à Bolívia, passando pelo local onde Che Guevara foi assassinado. O tema da revolução comunista na América Latina e a brutalidade dos eventos históricos se entrelaçam com a narrativa que a artista traz ao palco.
A direção geral e musical do espetáculo, conduzida por Eugênio Lima, mescla a estética do hip-hop ao teatro épico, buscando a autorrepresentação e a narração das próprias histórias. A inclusão de elementos musicais e a utilização da estética do karaokê enriquecem a experiência dos espectadores, trazendo uma abordagem inovadora e diversificada à encenação.
“Também Guardamos Pedras Aqui” convida o público a refletir não apenas sobre a narrativa da “Ilíada”, mas também sobre a influência de eventos históricos e culturais na perpetuação da violência e da opressão. O espetáculo está em cartaz no Sesc Vila Mariana, com apresentações às sextas-feiras e sábados até o dia 18, às 20h. Mais informações podem ser obtidas no site do Sesc.