Atendentes em plataforma de apostas online lidam com pedidos desesperados de ajuda e ameaças de morte, revela profissional

A rotina de trabalho no setor de suporte de uma plataforma de apostas online pode ser intensa e repleta de desafios. De acordo com informações obtidas pela reportagem, os profissionais que atuam nesse setor enfrentam jornadas extenuantes de até 10 horas nos fins de semana, com uma média de 160 atendimentos diários por meio de chat. A plataforma, registrada em Curaçao, conta com mais de dois milhões de jogadores registrados e ostenta parcerias nas redes sociais com celebridades como Neymar Jr. e Virgínia.

Segundo relatos de uma profissional que trabalha na empresa Blaze, que preferiu manter seu nome em anonimato, a maioria das solicitações recebidas diz respeito a dúvidas sobre o tempo para o dinheiro sacado cair na conta dos usuários. No entanto, também há casos mais extremos, como pessoas que perderam tudo e querem excluir suas contas, além de relatos de ameaças de morte e menções a suicídio. Essas situações delicadas exigem dos atendentes uma postura profissional e empática, mesmo diante de protocolos rígidos de atendimento.

A profissional revelou que, em determinados casos, os atendentes só podem oferecer respostas pré-aprovadas pela empresa, o que pode limitar a capacidade de auxílio em situações mais complexas. Ela ainda destacou que, quando solicitada a exclusão da conta, essa exclusão é apenas temporária, com um banimento de 30 dias, o que pode não ser eficaz para usuários com problemas de vício em jogos de azar.

Apesar dos treinamentos recebidos para lidar com casos sensíveis, como ameaças de suicídio, a profissional acredita que falta um pouco mais de humanização no atendimento aos usuários. Ela salienta que a remuneração oferecida pela empresa, cerca de US$ 4 por hora trabalhada, é um dos atrativos do cargo, mas expressa seu desejo de que os cassinos online e apostas em geral sejam proibidos no Brasil, devido aos impactos negativos que observa na vida financeira e emocional dos jogadores.

Diante desse cenário, a Blaze se pronunciou em nota, informando que trata com rigor os casos sensíveis, como vício e ameaças de suicídio, oferecendo assistência adequada aos usuários e garantindo a conformidade com as regulamentações do setor. A empresa enfatizou ainda a importância do jogo responsável, destinado apenas para maiores de 18 anos, e das opções de autoexclusão temporária ou permanente.

O psiquiatra Rodrigo Machado, especialista no assunto, apontou que os jogos de cassino online, como os oferecidos pela Blaze, representam um novo desafio em termos de vício em jogos de azar, devido à facilidade de acesso por dispositivos eletrônicos. Para Machado, é fundamental que os usuários em situações de vulnerabilidade busquem ajuda especializada e contem com o apoio de seus familiares para superar esses desafios.

Em casos de desespero ou ideação suicida, é importante buscar ajuda em instituições especializadas, como o Centro de Valorização da Vida (CVV) e unidades de pronto-socorro psiquiátrico. É fundamental combater o vício em jogos de azar e promover o jogo responsável, visando o bem-estar e a saúde mental dos usuários.

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