Ataques de jovens em bicicleta substituem batedores de carteira nas ruas do centro de São Paulo, aponta investigação policial

A paisagem do centro de São Paulo tem passado por mudanças significativas ao longo do tempo. Um exemplo disso é a presença cada vez mais frequente de grades cercando a praça da Sé e um aumento significativo no número de policiais militares e guardas-civis em patrulha, na tentativa de minimizar as ações dos ladrões na região.

Assim como a paisagem, as modalidades de crime também têm evoluído. Os trombadinhas, protagonistas do cenário de criminalidade paulistano, têm sido substituídos por assaltantes em bicicletas. Esses ladrões de celular são cada vez mais presentes nas avenidas Paulista e São João e no entorno da praça da República.

Para entender esse novo perfil de criminosos, a equipe do jornal Folha conversou com policiais civis envolvidos em investigações contra esses bandos. De acordo com os agentes, desde o início da operação Speed Bike, em fevereiro deste ano, cerca de 100 pessoas foram identificadas como suspeitas de furtos montados em bicicletas, sendo que 58 delas foram presas em flagrante.

Os policiais descreveram o grupo como formado exclusivamente por homens, com idades entre 16 e 25 anos, a maioria proveniente de bairros da região central de São Paulo, sem emprego fixo. As investigações indicam que não há uma coordenação central, mas sim pequenos grupos que se juntam para cometer os crimes.

O perfil dos ladrões e o novo modus operandi chamaram a atenção de especialistas em segurança pública. “Não existe uma gangue da bike. Existem algumas gangues da bike, tem mais de uma. Eles estão substituindo os trombadinhas, porém, é um tipo de trombadinha. Esse negócio de usar a bicicleta foi uma novidade, porque agora o objeto mais furtado é o celular”, afirmou Guaracy Mingardi, analista criminal e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Mingardi também ressaltou que o uso da bicicleta facilita a ação do ladrão, já que o celular normalmente está na mão e em uma mão só, tornando o roubo mais fácil.

As ações da Polícia Civil resultaram na apreensão de 124 bicicletas entre fevereiro e novembro, sendo a área do 78° DP (Jardins) e a avenida Paulista, um dos principais alvos da gangue da bike. No entanto, muitas das bicicletas apreendidas possuem procedência lícita.

Recentemente, a gangue da bicicleta voltou a ganhar notoriedade após um ataque ao Bar Brahma, onde um integrante do grupo foi pego e agredido após uma tentativa de furto em frente ao bar. Esta é a nova realidade do centro de São Paulo. As autoridades e especialistas continuam em busca de estratégias para combater essa nova forma de criminalidade que tem afetado a região central da capital paulista.

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