Segundo o relatório enviado à CPI em 8 de janeiro, Dos Reis teria realizado movimentações financeiras incompatíveis com seu patrimônio durante o último ano do governo Bolsonaro. Além disso, essas operações poderiam ter sido realizadas com o intuito de burlar a origem e o destino das verbas transferidas.
Vale ressaltar que o sargento foi preso em maio deste ano durante uma operação que investigava a inserção fraudulenta de dados no cartão de vacinação de Bolsonaro. Na ocasião, o tenente-coronel Mauro Cid, chefe da Ajudância de Ordens da Presidência, também foi detido.
De acordo com o Coaf, Dos Reis recebeu R$ 1.501.767,00 e debitou R$ 1.459.300,00 de uma mesma conta do Banco do Brasil, entre 1º de fevereiro de 2022 e 20 de janeiro deste ano. Entre as transações bancárias realizadas, destacam-se 215 operações via Pix, num total de mais de R$ 336 mil, 49 saques, que somaram mais de R$ 22 mil, e 39 transferências de natureza não especificada, que totalizaram R$ 24 mil.
Além disso, o ex-ajudante de ordens movimentou R$ 694,5 mil em operações via DOC e TED em 11 meses. No entanto, o próprio Dos Reis foi o principal beneficiário dessas operações, enviando valores para contas em que ele mesmo era o titular. Mauro Cid também aparece como beneficiário das transferências, recebendo ao menos R$ 70 mil divididos em quatro depósitos.
Outros militares também foram citados pelo Coaf como beneficiários das transferências realizadas por Dos Reis. O relatório do órgão menciona o envolvimento de Mauro Cesar Barbosa Cid em supostos crimes de lavagem de dinheiro.
O Coaf também enviou à CPI registros de transações financeiras feitas pelo sargento no início deste ano. Mesmo fora do governo, Dos Reis recebeu R$ 11,7 mil em uma transferência feita por Mauro Cid. No entanto, durante o mesmo período, os débitos realizados por Dos Reis foram superiores aos créditos recebidos, indicando possíveis níveis de endividamento. Foram creditados R$ 167.418,00 em sua conta, enquanto saíram R$ 213.294,00.
Diante dessas movimentações financeiras atípicas e sem justificativa clara, o Coaf aponta a possibilidade de indícios do crime de lavagem de dinheiro ou relação com o crime.
A coluna não conseguiu encontrar a defesa do sargento para buscar esclarecimentos sobre as conclusões do relatório do Coaf. Além de seu envolvimento na suposta fraude do cartão de vacinação de Bolsonaro, Dos Reis também é citado em diálogos obtidos pela Polícia Federal que indicam a possibilidade de um eventual golpe de Estado. Ele chegou a enviar imagens do ataque golpista em Brasília, deixando claro que participou das manifestações.
Com informações de BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH