Passados dois anos desde a morte de Dom e Bruno, poucas mudanças significativas foram observadas no Brasil, de acordo com a Coalizão em Defesa do Jornalismo, que divulgou um comunicado recentemente. A falta de informações claras sobre o caso, aliada a uma investigação frágil e a estratégias de proteção dos acusados, tem tornado a responsabilização dos culpados mais distante.
Bruno e Dom foram assassinados a tiros em 5 de junho de 2022, após se reunirem em Atalaia do Norte, na fronteira com Peru e Colômbia. O objetivo da dupla era viajar pela região e se aproximar da Terra Indígena Vale do Javari, onde se encontram povos isolados. Dom planejava escrever um livro sobre a Amazônia, enquanto Bruno havia se afastado da Funai por discordâncias com as políticas do governo.
Apesar de cinco suspeitos terem sido detidos logo após o desaparecimento dos dois, o processo judicial ainda não tem data para o julgamento dos principais acusados. A demora na Justiça é vista como um reflexo das violações dos direitos humanos na região e dos desafios enfrentados pelos jornalistas que atuam na Amazônia.
A violência contra jornalistas na região não se limita aos casos de Bruno e Dom, com 85 registros de agressões entre 2022 e 2024 em nove estados amazônicos. O ambiente de medo e autocensura é uma realidade para muitos comunicadores, o que evidencia a necessidade de mudanças estruturais para garantir a segurança e a liberdade de imprensa na região.
As cobranças por medidas cautelares para proteger os defensores dos direitos humanos e os jornalistas na Amazônia têm sido constantes, com a Comissão Interamericana de Direitos Humanos determinando a adoção de medidas pelo Brasil. No entanto, a implementação efetiva dessas medidas tem sido criticada por organizações da sociedade civil, que apontam a falta de progresso na proteção dos envolvidos no caso de Bruno e Dom e na preservação do Vale do Javari.
Diante desse cenário, a pressão por justiça e por garantias de segurança para os comunicadores e ativistas na região continua, enquanto o governo federal e as autoridades judiciais são instados a agir para evitar novas violações dos direitos humanos e assegurar o exercício pleno da liberdade de imprensa na Amazônia.