Repórter São Paulo – SP – Brasil

Araken Vaz Galvão: memórias, literatura e resistência em livro e vida.

Escritor e militante, Araken Vaz Galvão faleceu no dia 4 de dezembro, aos 87 anos de idade, após uma batalha contra o câncer no esôfago. Apaixonado por literatura desde a infância, produziu diversas obras ao longo da sua vida e marcou presença no cenário cultural e literário do Brasil.

Nascido em Jequié (BA) em 1936, Vaz Galvão começou a desenvolver seu imaginário literário ainda na infância, graças ao estímulo de uma irmã mais velha que lia livros para ele. Órfão de pai aos cinco anos, teve que se mudar com a mãe e as irmãs para a fazenda do avô, e aos 12 anos, foram obrigados a se mudar para o Rio de Janeiro após conflitos familiares relacionados à herança.

No Rio, ingressou no Exército aos 18 anos e, após o Golpe de 1964, participou de um motim militar contra a ditadura que ficou conhecido como Guerrilha do Caparaó, um movimento de resistência armada situado na região do Alto do Caparaó, entre Minas Gerais e Espírito Santo. Posteriormente, foi preso e passou 11 anos no exílio, onde estudou artes plásticas, história e cinema.

Após a anistia, Vaz Galvão retornou ao Brasil e começou a se dedicar à escrita, produzindo diversas obras que misturavam memórias e ficção, como “Crônicas de uma Família Sertaneja” (2004) e “Crônicas das Prisões de Exílio” (2016).

O escritor também foi um dos fundadores da Academia Valenciana de Letras (Avela) e criou o Instituto Cultural Euzedir Vaz Galvão, que abriga uma biblioteca e um museu. Além disso, foi presidente do Conselho de Cultura da Bahia e presidiu o Conselho de Cultura da Bahia por dois anos e foi conselheiro por mais oito.

Em reconhecimento à sua contribuição para a literatura brasileira, recebeu o Prêmio Jorge Amado, da União Brasileira de Escritores (UBE), em 2016, pelo conjunto da obra. No último mês de vida, também foi agraciado com a placa de Mérito Legislativo da Câmara Municipal de Valença.

Araken Vaz Galvão faleceu deixando como legado a esposa, três filhas, oito netos e dois bisnetos. Seu corpo foi cremado e suas cinzas serão espalhadas em três locais, de acordo com o seu desejo: aos pés de um ipê-amarelo que ele próprio plantou em frente ao Instituto Cultural Euzedir Vaz Galvão, em um parque no Rio de Janeiro e no Alto do Caparaó.

Sua morte representa uma perda significativa para a literatura brasileira, e seu legado continuará a inspirar as futuras gerações de escritores e leitores.

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