Após a resolução da falha, as empresas tiveram que lidar com acúmulos de voos e consultas médicas atrasados e cancelados, pedidos perdidos e outros problemas que podem levar dias para serem totalmente resolvidos. As companhias afetadas também estão enfrentando questionamentos sobre como evitar futuros apagões desse tipo.
A falha foi provocada por uma atualização de software feita pela empresa global de segurança de computadores CrowdStrike, o que resultou em problemas em uma série de sistemas, cancelando voos, derrubando empresas de pagamentos e impedindo o acesso a serviços de saúde.
Desde o início da pandemia em 2020, governos e empresas têm se tornado cada vez mais dependentes de um conjunto restrito de empresas de tecnologia interconectadas, o que explica por que um problema em um software específico impactou tantos setores.
A empresa responsável pelo software, a CrowdStrike, que antes era pouco conhecida pelo público em geral, agora está sob os holofotes do mundo. Com mais de 20 mil assinantes em todo o mundo, a companhia conta com gigantes como Amazon e Microsoft em sua carteira de clientes.
O presidente-executivo da CrowdStrike, George Kurtz, assumiu a responsabilidade pelo defeito encontrado em uma atualização de conteúdo para hosts do Windows que afetou usuários do sistema operacional da Microsoft. Ele pediu desculpas pelo impacto causado aos clientes e afirmou que muitos dos sistemas já estão sendo reiniciados e voltando ao funcionamento normal.
A interrupção causada pelo problema de software também levantou questões sobre a concentração de empresas de tecnologia que detêm o controle sobre categorias de software operacionalmente crítico. Analistas do setor questionam se deveria haver uma distribuição mais equilibrada desse controle para evitar futuras falhas em larga escala.
Especialistas alertam que incidentes como esse continuarão ocorrendo até que mais contingências sejam incorporadas às redes e as organizações implementem melhores sistemas de backup.
A CrowdStrike viu suas ações caírem 11% nesta sexta-feira, enquanto suas concorrentes SentinelOne e Palo Alto Networks tiveram altas de 8% e 2%, respectivamente. Já a Microsoft fechou o dia em queda de 0,7%.
Ainda não é possível quantificar completamente a extensão da interrupção causada pelo problema de software, pois ela afetou apenas os sistemas que utilizavam o software da CrowdStrike. Os engenheiros das empresas afetadas estão trabalhando para restabelecer completamente os sistemas o mais rápido possível.
Autoridades dos Estados Unidos, como o presidente Joe Biden e o secretário de Estado, Antony Blinken, foram informados sobre o problema. A Agência de Segurança Cibernética e de Infraestrutura dos EUA disse que observou hackers tirando proveito da situação para promover atividades maliciosas.
A complexidade e a interdependência dos sistemas de computação global são destacadas por eventos como esse, que mostram a vulnerabilidade dos sistemas. Analistas do setor afirmam que empresas como CrowdStrike e Microsoft terão muito trabalho pela frente para garantir que falhas desse tipo não ocorram novamente no futuro.
Nos mercados financeiros, a interrupção causou uma queda nos principais índices de Wall Street, impulsionada pela venda de ações de tecnologia. O índice de volatilidade Cboe atingiu seu nível mais alto desde o início de maio, e o dólar teve uma valorização, refletindo a ansiedade dos investidores diante da falha global.
MILHARES DE VOOS CANCELADOS
A aviação foi um dos setores mais afetados pela interrupção, com mais de 5 mil voos cancelados dos mais de 110 mil programados para o dia. No Brasil, a operadora de aeroportos Aena relatou que a pane não afetou as operações de pouso e decolagem nos terminais que administra, mas o aeroporto de Congonhas, em São Paulo, teve 29 decolagens atrasadas e quatro voos cancelados.
Podemos observar que a falha em um software pode ter repercussões significativas em diversos setores, destacando a importância da segurança cibernética e da diversificação no controle de categorias críticas de software.
