Ex-funcionários do serviço relataram que o modelo de atendimento adotado pela gestão é caracterizado por uma “porta giratória”, com a internação indiscriminada de pessoas, sem um planejamento terapêutico adequado e uma política social que beneficie os usuários. Além disso, o relatório aponta que há uma média de 285 encaminhamentos para comunidades terapêuticas e 585 internações em hospitais especializados por mês, a maioria desses pacientes sendo pessoas em situação de rua da região central de São Paulo, inclusive na cracolândia.
Outro dado preocupante é o registro de cerca de 28 internações involuntárias por mês, mostrando a ausência de autonomia dos pacientes no processo terapêutico. Mesmo diante dessas informações, a Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo afirmou que o serviço oferece um tratamento individualizado e uma porta de saída para a dependência química, destacando que as internações involuntárias representam menos de 5% do total e são notificadas ao Ministério Público conforme a legislação.
A mudança na administração do Hub, agora gerenciado pela SPDM, trouxe críticas de profissionais da área, como o psicólogo Diego Rennó, que apontou que todos os pacientes passaram a ser encaminhados para comunidades terapêuticas ou hospitais, sem considerar a individualidade de cada caso. Além disso, relatos indicam que muitos usuários procuram o tratamento não pela dependência química, mas pela busca de abrigo e condições mínimas de sobrevivência.
O relatório do Comuda-SP ainda aponta a ineficácia das internações e a falta de acompanhamento adequado após o tratamento, levantando a discussão sobre a necessidade de uma avaliação mais criteriosa dos encaminhamentos e uma maior fiscalização dos espaços responsáveis pelo acolhimento dos pacientes.