A insatisfação com a atuação de Aras está diretamente ligada ao seu comportamento em relação à condução da política sanitária federal durante a pandemia da Covid-19. O ex-PGR não responsabilizou o ex-presidente Jair Bolsonaro pela condução da política sanitária federal, nem interferiu na gestão desastrosa do general Eduardo Pazuello no Ministério da Saúde. Pazuello, que é deputado federal (PL-RJ), também foi protagonista em um seminário virtual intitulado “O Ministério Público e o direito ao tratamento precoce: limites e possibilidades”, organizado por Gonet durante sua atuação como diretor-geral da ESMPU (Escola Superior do Ministério Público da União).
Nesse evento, Pazuello expôs as limitações sobre o tema e foi elogiado por Gonet como “nosso caríssimo ministro”. Segundo Gonet, o seminário visava integrar esforços do Ministério Público com os Poderes do Estado. No entanto, essa tentativa de integração foi questionada por cinco subprocuradores-gerais, que pediram formalmente a Aras que recomendasse a Bolsonaro evitar manifestações contra a política sanitária adotada pelo Ministério da Saúde. No entanto, Aras arquivou o pedido, poupando Bolsonaro e criticando os procuradores.
Esses eventos levaram a questionamentos sobre a política genocida praticada atualmente no Brasil, inclusive com menções feitas pelo ministro Gilmar Mendes em relação à política de saúde do governo Bolsonaro. A atuação de Pazuello no Ministério da Saúde também foi criticada, já que o órgão gastou apenas um terço dos R$39,3 bilhões liberados para o combate ao coronavírus. Além disso, a participação de Pazuello em atos político-eleitorais sem máscara anti-Covid após deixar o Ministério da Saúde gerou revolta e evidenciou o descaso com a pandemia.
Diante desses acontecimentos, a indicação de Gonet para o cargo de procurador-geral da República tem gerado intenso debate e mobilização de setores da sociedade e autoridades preocupadas com a atuação governamental e a defesa da democracia. A expectativa é que a polêmica em torno dessa indicação continue a se desdobrar, trazendo à tona questões importantes sobre a atuação das autoridades em meio à crise sanitária e política enfrentada pelo Brasil.