Acordo de reparação da tragédia de Mariana está próximo no Brasil, mas disputa jurídica na Inglaterra promete complicar cenário

Após quase nove anos do rompimento da barragem da Samarco em Mariana (MG), que resultou na morte de 19 pessoas e na disseminação de lama tóxica por quase 700 km de Minas Gerais até o oceano Atlântico, um acordo entre a empresa, grupos de afetados e o poder público está próximo de ser finalizado. No entanto, enquanto no Brasil o acordo parece estar perto da conclusão, na Inglaterra o debate está apenas começando.

A partir desta segunda-feira (21), uma corte inglesa irá analisar se a responsabilização da filial brasileira da BHP, parceira da Vale na Samarco, se estende à matriz da multinacional anglo-australiana, sediada no Reino Unido. Caso seja decidido que a matriz também é responsável, a indenização para mais de 620 mil litigantes e diversas entidades e municípios poderia chegar a R$ 260 bilhões, um valor superior aos R$ 170 bilhões do acordo brasileiro já anunciado pela Vale.

A batalha judicial transnacional também está em discussão no Judiciário brasileiro, com o Ibram contestando os contratos assinados pelas prefeituras da região com o escritório Pogust Goodhead, autor da ação na Inglaterra. Em decisão liminar na semana passada, o ministro Flávio Dino suspendeu tais contratos, destacando a proibição do pagamento de honorários de êxito pela administração pública, de acordo com decisão do TCU.

Enquanto isso, a banca inglesa justifica o movimento da ação no exterior argumentando que a legislação britânica permite que uma grande coletividade entre com uma ação conjunta, enquanto a legislação brasileira ainda está sendo consolidada. A discussão sobre a responsabilização da matriz da BHP está prevista para durar algumas semanas, com especialistas em legislação brasileira fornecendo seus pareceres antes de uma possível decisão.

Em resumo, o desenrolar deste caso complexo envolvendo a tragédia de Mariana continua a despertar debates tanto no Brasil quanto no exterior, com a expectativa de uma sentença sobre a responsabilização da matriz da BHP para meados de 2025, e um possível processo de determinação de indenizações individuais que poderá se estender por mais alguns anos. A saga da busca por justiça e reparação para as vítimas e regiões afetadas pela tragédia de Mariana segue em curso, e o desfecho ainda está longe de ser alcançado.

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