O relatório aponta os empresários Roberto Katsuda e Enric Lauriano como diretamente associados ao garimpo ilegal no estado e com vínculos com políticos e uma rede de apoiadores da prática ilícita e do ex-presidente Jair Bolsonaro na região. Katsuda é apontado como diretor da Cooperativa Mista de Mineradores do Alto Tapajós, a Cooperalto, uma das principais associações de garimpeiros do estado localizada no sudoeste paraense, e tem participado ativamente na defesa do Projeto de Lei 191/2020, que propõe a liberação do garimpo em terras indígenas.
Já Enric Lauriano é acusado de financiar manifestações tanto no Pará quanto na capital federal para contestar o resultado das eleições de 2022 e está associado aos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Ele é filho de Onício Lauriano, pecuarista investigado por desmatamento ilegal em áreas de proteção ambiental, e é classificado como um dos principais articuladores do PL 191/20 e consultor da Associação Nacional do Ouro (Anoro), que faz lobby em favor do garimpo em Brasília.
Por meio da análise de retroescavadeiras utilizadas em atividades ilegais em terras indígenas no Pará, a Abin identificou que três delas tinham como última proprietária a empresa BMC Máquinas e Equipamentos Pesados, Engenharia e Locações Limitada, que possui filiais em municípios conhecidos por práticas ilícitas ambientais. Uma das filiais da BMC em Itaituba, ponto logístico para o garimpo na bacia do rio Tapajós, tem o mesmo endereço físico de uma empresa de propriedade de Roberto Carlos Katsuda.
O relatório aponta ainda que Roberto Katsuda é apontado como financiador da estrutura lobista pró-garimpo do vereador Wescley Silva Aguiar, conhecido como Wescley Tomáz, e ambos fizeram reuniões com parlamentares e ministros em Brasília, inclusive com a participação do ex-presidente Jair Bolsonaro, para promover o projeto de lei que visa regulamentar o garimpo em áreas de proteção ambiental. Outro nome citado no relatório é Ricardo Pereira Cunha, proprietário da RP Cunha Informática e da Mineração Carajás Ltda, que organizou financiamentos e ações golpistas em Marabá e Brasília.
O relatório conclui que essas conexões evidenciam o vínculo entre a prática de ilícitos ambientais e grupos extremistas contrários às eleições presidenciais de 2022. Além disso, permite identificar redes de práticas delituosas relacionadas à exploração ilegal de recursos naturais. O Congresso em Foco entrou em contato com os nomes e empresas citados, mas alguns não foram localizados. O espaço está aberto para que todos os mencionados se manifestem sobre o assunto.