Durante palestras realizadas recentemente, um consenso ficou claro: o Brasil enfrenta um grande desafio para resolver o problema da produção, principalmente no setor industrial, em meio a um longo período de desindustrialização no país. Para superar essa dificuldade, é necessário adotar um programa que reconstrua o país e estabeleça as bases para o desenvolvimento, combatendo a desigualdade e investindo em tecnologia e inovação.
Uma das áreas em que o Brasil tem grandes oportunidades é a transição energética e ambiental. O país possui uma matriz energética com altos índices de energia renovável e pode aumentar a produtividade agropecuária sem desmatamento, utilizando as tecnologias disponíveis na Embrapa. No entanto, é importante que essa transição não comprometa o desenvolvimento das forças produtivas, especialmente no que diz respeito ao uso dos recursos naturais, como o petróleo, que está concentrado principalmente no pré-sal e na Amazônia.
A reindustrialização é fundamental para resolver o problema da produção no país. Os palestrantes concordaram que é necessário promover um processo de reindustrialização em bases tecnológicas modernas, aliado a um programa de infraestrutura de qualidade, gerando empregos e melhorando as condições de vida da população. Para isso, é essencial fortalecer o mercado interno, investir em ciência, tecnologia e inovação, proteger a indústria nacional e incentivar o financiamento público.
O governo brasileiro já está trabalhando nessa direção, com a recriação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial e o lançamento de um programa de reindustrialização. Além disso, em breve será lançado o novo Programa de Aceleração do Crescimento, que visa construir a infraestrutura necessária para impulsionar o desenvolvimento do país.
Um dos principais pontos destacados pelos palestrantes é o papel do Estado no impulsionamento da economia. O Estado deve ter um papel de destaque na alavancagem econômica, principalmente por meio de investimentos públicos realizados por empresas estatais. É necessário reconstruir o Estado nacional, fortalecendo instituições como a Petrobras e a Eletrobras.
No entanto, existem obstáculos estruturais que dificultam a retomada do crescimento econômico no Brasil. A inserção subordinada no contexto internacional, a financeirização da economia e a desigualdade social são alguns dos principais entraves para o desenvolvimento do país. Além disso, as taxas de juros elevadas também representam um desafio, bloqueando os investimentos público e privado.
A concessão da independência ao Banco Central tem contribuído para a manutenção dessas altas taxas de juros, tornando o órgão mais dependente do capital financeiro. Essa independência tem sido apontada como um entrave ao crescimento econômico, pois retira do governo eleito a capacidade de definir a política monetária.
Outro ponto importante no combate aos entraves estruturais é estabelecer políticas de preços internos para alimentos e combustíveis que reflitam os custos internos de produção. O critério internacional como referência para esses preços não é justificável, já que grande parte dos custos é gerada internamente. O presidente Lula já iniciou uma campanha para “abrasileirar” esses preços, começando pelos combustíveis.
Além disso, o arcabouço fiscal estabelecido pelo Ministério da Fazenda também é apontado como um limitante ao investimento público. Embora seja mais flexível do que o teto de gastos, ainda limita os investimentos necessários para impulsionar o desenvolvimento. É necessário encontrar um equilíbrio entre as regras fiscais e a necessidade de investimento público e social.
Em resumo, o Brasil enfrenta um grande desafio para resolver o problema da produção industrial e promover o desenvolvimento. É necessário adotar medidas que promovam a reindustrialização, fortaleçam o mercado interno, invistam em ciência, tecnologia e inovação, e estabeleçam políticas de preços internos que reflitam os custos internos de produção. Além disso, é fundamental reconstruir o Estado nacional e encontrar um equilíbrio entre as regras fiscais e a necessidade de investimento público e social.