A Polícia Federal convoca estudantes e professores que discordam do reitor da universidade para depor no estado da Paraíba.

Alunos, professores e servidores da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) estão denunciando perseguição e retaliação por se posicionarem contra a gestão do reitor Valdiney Veloso Gouveia. Recentemente, estudantes e docentes foram intimados pela Polícia Federal (PF) para prestar depoimento sobre falas proferidas durante eventos realizados dentro da instituição. Eles estão sendo acusados pela universidade de crime contra a honra e ameaça ao reitor, porém, os acusados negam as acusações e alegam que o verdadeiro motivo dos inquéritos é censurá-los.

De acordo com a aluna de psicologia Odara Alves Moraes, existe um clima de repressão e perseguição a qualquer pessoa que se oponha à atual reitoria. A UFPB e a PF não se pronunciaram sobre o assunto até o momento.

A gestão do reitor Valdiney Veloso Gouveia tem sido alvo de polêmicas desde que assumiu o cargo, no final de 2020. Ele é chamado de “interventor” pela maioria da comunidade acadêmica, já que foi indicado ao posto pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, mesmo sendo o último colocado na lista tríplice de nomes enviada ao governo federal. Normalmente, o Ministério da Educação nomeia para o cargo o candidato mais votado pela comunidade universitária. No caso da consulta realizada em agosto de 2020, a primeira colocada foi Terezinha Domiciano.

Em 2021, um comitê formado por entidades e coletivos da UFPB elaborou um dossiê apontando diversos problemas na gestão de Gouveia, como a precarização das condições de trabalho e dos estudantes, a repressão e um suposto alinhamento ideológico com a extrema direita. O documento também citou um acordo de cooperação entre a universidade e a Universidade Estatal da Belarus (BSU), que é acusada de reprimir seus docentes e alunos.

No mês de maio deste ano, a destituição do reitor Valdiney Gouveia chegou a ser discutida em uma reunião envolvendo as três principais instâncias deliberativas da UFPB: o Conselho Universitário (Consuni), o Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe) e o Conselho Curador. No entanto, a reunião foi presidida pela vice-reitora Liana Filgueira, o que foi considerado irregular pelos opositores da atual gestão, já que ela é parte envolvida no processo. A reunião terminou sem uma conclusão sobre a destituição do reitor.

Segundo a estudante Odara, a repressão aumentou desde que o processo de destituição da atual administração foi iniciado. Ela responde atualmente a três inquéritos na PF e também está enfrentando um processo administrativo dentro da própria universidade que pede sua expulsão. A servidora Lena Leite Dias e três professores também foram convocados pela Polícia Federal após chamarem Gouveia de “interventor” e criticarem sua gestão.

O Sindicato dos Docentes da UFPB divulgou uma nota manifestando solidariedade à servidora Lena e à estudante Odara e disse que a instituição está passando por um momento crítico, com o uso do aparato estatal para perseguir aqueles que não concordam com a usurpação do poder e o enfraquecimento da vivência democrática.

Manifestações de estudantes também têm acontecido contra a atual gestão. Recentemente, um grupo de alunos ocupou o hall de entrada da sede da reitoria em protesto contra o reajuste de 36% no preço das refeições do restaurante universitário. O reitor emitiu uma nota repudiando o protesto, afirmando que as ações foram “pouco urbanas e flagrantemente desrespeitosas, atentando contra servidores e o órgão público”.

Em resumo, a gestão do reitor Valdiney Veloso Gouveia na UFPB tem gerado polêmicas e enfrentado críticas. Alunos, professores e servidores acusam a atual administração de perseguição e repressão àqueles que se posicionam contra ela. As denúncias envolvem desde inquéritos judiciais até processos administrativos. A situação tem gerado mobilizações e manifestações por parte dos estudantes, que reivindicam melhorias nas condições de trabalho e na vivência acadêmica.

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