A mudança representa um marco no ensino da literatura no país e tem potencial para impactar positivamente o debate sobre o silenciamento histórico de autoras na literatura. Com a nova lista, a intenção é proporcionar o estudo de escolas literárias de forma semelhante à forma como já se estuda os cânones da literatura. Durante três anos, as autoras presentes na lista vão preencher o lugar de destaque que já foi ocupado por autores consagrados. Nomes como Conceição Evaristo, Djaimilia Pereira de Almeida, Julia Lopes de Almeida, Lygia Fagundes Telles, Narcisa Amália, Nísia Floresta, Paulina Chiziane, Rachel de Queiroz e Sophia de Mello Breyner Andresen vão compor a lista de leitura obrigatória.
A alteração na lista também teve preocupação em incluir autoras e autores negros. O objetivo é ampliar a representatividade e estimular o debate sobre diversidade na literatura. A mudança identifica a importância de reconhecer e dar espaço para a voz de autoras que foram historicamente silenciadas. A medida também sinaliza para a universidade e para a sociedade a necessidade de promover um ensino mais plural e inclusivo.
Após esse período de três anos, Machado de Assis retornará à lista, indicando que a intenção é fazer essa uma medida de resgate e provocar debates sobre os rumos do ensino da literatura e a consagração de certos autores. A nova lista já estava pronta na ocasião da publicação de um levantamento da Folha que mostrou que a Fuvest é a prova que, historicamente, menos exigiu obras escritas por mulheres, comparada a outras universidades bem colocadas no RUF (Ranking Universitário Folha).
Com a mudança, a Fuvest se coloca na vanguarda, uma vez que nenhuma das universidades analisadas pelo jornal jamais havia tido uma lista de livros totalmente feminina. Em um contexto em que a luta por igualdade de gênero e reconhecimento das autoras na literatura é pauta importante, a decisão da Fuvest representa um avanço significativo no cenário do ensino superior.