A ascensão da imprensa rosa: o perigo da informação distorcida e manipulada para a sociedade moderna

O renomado jornalista Alberto Dines costumava enfatizar a origem do termo “imprensa marrom” no Brasil, datada de 1959, quando o Diário da Noite do Rio de Janeiro popularizou a expressão. Na época, Dines estava escrevendo um artigo sobre a revista “Escândalo”, que chantageava pessoas fotografadas em situações comprometedoras, e queria utilizar o termo “imprensa amarela”, conhecido nos Estados Unidos. No entanto, o editor considerou o termo amarelo muito suave para o contexto da matéria, que abordava um cineasta levado ao suicídio pela revista. Assim, a manchete finalmente foi intitulada como “Imprensa marrom leva cineasta ao suicídio”, consagrando o termo no país.

Avançando para o ano de 2024, surge uma nova cor para designar um tipo de imprensa sem ética: a “rosa”. Esse termo, conhecido como “pink slime press”, faz referência àquela carne ultraprocessada industrialmente, vendida em lata e de valor nutricional questionável. Esse novo tipo de imprensa é abordado no livro “A Morte da Verdade”, lançado pelo jornalista e advogado americano Steven Brill em junho de 2024. Ele define o fenômeno como publicações que se apresentam como veículos legítimos de imprensa, mas que possuem objetivos ocultos, geralmente financiados por entidades ou pessoas que buscam promover seus interesses políticos ou econômicos.

Brill alerta para o crescimento da imprensa “pink slime” em um momento de declínio da imprensa em todo o mundo. Nos Estados Unidos, mais de 2.000 jornais encerraram suas atividades entre 2005 e 2021, enquanto, no final de 2023, havia cerca de 1.200 veículos de imprensa rosa em atividade no país. No entanto, esse fenômeno não se restringe aos EUA, tendo também presença no Brasil.

No Brasil, a imprensa “pink slime” busca se assemelhar à imprensa tradicional, copiando sua aparência, estilo e reputação superficialmente. Exemplos como o “Copper Courier” do Arizona e o “Main Street Sentinel” do Michigan são citados por Brill como operações de propaganda disfarçadas de veículos legítimos de mídia. No entanto, é fundamental reconhecer e combater esse tipo de imprensa para proteger a verdade e a integridade jornalística.

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