A Ascensão da Aliança Nacional Libertadora: Estratégia Democrático-Nacional e a Tentativa de Tomada do Poder em 1935

Em meio a um cenário internacional marcado pela ascensão do nazifascismo e a política da IC de frente popular, assim como uma conjuntura interna com setores do movimento tenentista descontentes com o varguismo, a Aliança Nacional Libertadora (ANL) foi criada no final de 1934. Isso foi impulsionado por diversos intelectuais democratas, em conjunto com a desconfiança do Partido Comunista Brasileiro (PCB) no início da frente popular.

O estatuto da ANL foi aprovado em 12 de março de 1935 e o lançamento oficial ocorreu em um grande comício realizado no Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro. Prestes foi eleito presidente de honra da ANL sob grande aclamação. A ANL rapidamente expandiu suas bases, atingindo 1.600 organizações de base em todo o Brasil e 17 estados, mobilizando milhares de pessoas. Enquanto isso, a Ação Integralista Brasileira, dirigida por Plínio Salgado, também estava fortemente organizada e mobilizada.

O programa político da ANL e seu papel na formação da estratégia democrático-nacional foram temas centrais. O “Programa do Governo Popular Nacional Revolucionário” da ANL enfatizou a defesa da liberdade e da emancipação nacional e social do Brasil. Apesar de defender o povo em armas, a ANL deixou claro que seu objetivo não era um governo exclusivamente de operários e camponeses, mas sim um governo que representasse todas as camadas sociais do país. O Programa também apresentou reivindicações de interesse dos trabalhadores e propostas para atrair a pequena-burguesia.

Em 5 de julho de 1935, Prestes lançou o manifesto “Todo o poder à Aliança Nacional Libertadora”, no qual reafirmou os elementos básicos do Programa, classificando o Brasil como “semicolonial e semifeudal”. Contudo, o levante revolucionário antifascista de 1935, conhecido como “Intentona Comunista”, foi derrotado, resultando em uma série de prisões em massa e na perseguição a comunistas por parte do governo de Vargas.

Após a repressão brutal aos comunistas, o governo Vargas buscou acabar com a política de massas no Brasil e reprimiu também outros partidos. O PCB apareceu como um grande partido de massas, mas foi posteriormente posto na ilegalidade em 1947. A despeito de toda a repressão, na entrada dos anos 50, o PCB já tinha acumulado anos de experiência política, passando por diversas formas de atuação de massa. Em 1954, o IV Congresso do PCB marcou a tentativa do partido de sintetizar toda sua experiência histórica e expor uma análise totalizadora do Brasil.

Em resumo, a experiência da ANL e do PCB na formação política do Brasil deixou uma marca indelével na cultura política do país nas décadas seguintes. Por meio de luta e resistência, essas organizações contribuíram para moldar o cenário político do Brasil, estabelecendo uma base para a atuação dos partidos de esquerda e um movimento trabalhista mais amplo.

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