O embaixador Rodrigo Azevedo Santos desencadeou o processo de retorno do manto ao visitá-lo em 2021 e, posteriormente, ao tomar conhecimento de que o Brasil nunca havia solicitado sua devolução. Ao desvincular a questão colonial da negociação, Santos buscou apoios, como uma carta do povo tupinambá e outra do Museu Nacional do Rio, evidenciando os planos de exposição da peça e seu papel na nova coleção.
Durante minha visita ao museu em 2023, o pesquisador Christian Pedersen explicou que a decisão de devolver o manto foi difícil, mas foi fundamentada na importância que a peça teria para os indígenas e para a instituição carioca. Após três séculos como parte da coleção europeia, o valor do manto para o Brasil foi levado em consideração, assim como seu potencial de representatividade no museu.
Essa devolução marca um novo capítulo na relação entre Brasil e Europa, demonstrando um gesto de reconhecimento e entendimento da importância cultural e histórica da peça para o país sul-americano. A atitude do governo europeu em permitir o retorno do manto evidencia uma abertura para o diálogo e a cooperação intercontinental, respeitando a memória e a identidade das comunidades indígenas brasileiras.