Avanço da Compostagem Urbana: Experiências brasileiras nos últimos 10 anos trazem economia, redução de metano e impactos positivos no meio ambiente.

Nos últimos dez anos, as experiências de reciclagem orgânica urbana, também conhecida como compostagem, têm avançado em diferentes regiões do Brasil, com a implementação de diversos modelos e escalas. Essa prática se tornou fundamental devido aos benefícios que proporciona, como a diminuição da quantidade de resíduos orgânicos levados aos aterros sanitários, a produção de composto para adubação da arborização urbana e a redução do metano emitido pelo setor de resíduos, que é responsável por uma parcela significativa das emissões nacionais desse gás de efeito estufa.

De acordo com especialistas, o Brasil é o 5º maior emissor de metano do mundo, sendo a segunda maior fonte de emissão proveniente do descarte de orgânicos, ficando atrás apenas da fermentação entérica da pecuária. A compostagem se destaca como uma solução simples e de baixo custo, sendo altamente eficaz na redução dessas emissões e na valorização dos resíduos orgânicos.

Além dos benefícios ambientais, a compostagem também apresenta vantagens econômicas, contribuindo para a economia de recursos do orçamento municipal, uma vez que os materiais necessários são os próprios resíduos orgânicos. Não são exigidos investimentos em equipamentos especiais, e a mão de obra necessária pode ser capacitada a baixo custo.

Segundo Adalberto Maluf, secretário do Meio Ambiente Urbano e Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, a compostagem é uma tecnologia de tratamento e reciclagem de resíduos orgânicos de baixo custo e baixa complexidade técnica, sendo aplicável à maioria dos municípios brasileiros. A implementação de programas de compostagem urbana, como a coleta separada de resíduos orgânicos em São Paulo, poderia gerar uma economia significativa, contribuindo para a sustentabilidade financeira das cidades.

No entanto, os projetos de compostagem no Brasil enfrentam desafios como o licenciamento de terrenos, a descontinuidade administrativa e a competição com os aterros sanitários. É fundamental promover a conscientização e a educação da população sobre a importância da compostagem para garantir o engajamento e a participação ativa no processo de reciclagem de resíduos orgânicos.

O Ministério do Meio Ambiente tem financiado projetos municipais de compostagem nos últimos anos e está elaborando uma Estratégia Nacional de Resíduos Orgânicos Urbanos, que visa prevenir o desperdício de alimentos, ampliar os índices de reciclagem e reduzir as emissões de metano. Essa iniciativa deve ser lançada na COP29, conferência climática das Nações Unidas em 2024, e representará um importante avanço na gestão sustentável dos resíduos orgânicos no país.

Em meio a esse cenário, empresas, comércios e residências têm buscado soluções sustentáveis, como a compostagem, para gerenciar seus resíduos de forma mais eficiente. A Associação Brasileira de Compostagem foi fundada com o intuito de fortalecer o mercado, colaborar com políticas públicas e sensibilizar a sociedade sobre a importância da reciclagem de orgânicos.

O crescimento do setor de compostagem no Brasil evidencia a necessidade de ampliar as iniciativas e os projetos nessa área, buscando soluções inovadoras e sustentáveis para o gerenciamento de resíduos orgânicos. A compostagem descentralizada tem se mostrado uma alternativa vantajosa, permitindo maior flexibilidade e eficiência na reciclagem de resíduos.

Em resumo, a compostagem urbana emerge como uma prática fundamental para a gestão sustentável dos resíduos orgânicos no Brasil, contribuindo para a redução das emissões de gases de efeito estufa, a promoção da economia circular e o estímulo à agricultura urbana e periurbana. A implementação de políticas públicas e a conscientização da população são essenciais para impulsionar o avanço da compostagem no país e garantir um futuro mais sustentável para as próximas gerações.

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