Acusações e desavenças em e-mails revelam suspeitas sobre projeto de créditos de carbono que movimentou R$ 180 milhões.

A Polícia Federal divulgou um relatório que expõe desavenças e acusações entre os responsáveis por empresas que geraram R$ 180 milhões em créditos de carbono suspeitos, originados de um suposto esquema de grilagem de terras públicas. A troca de e-mails revelada no relatório mostra confrontos entre as empresas envolvidas, principalmente após a detecção de sobreposição de uma área considerada privada com uma gleba pública do Incra, feita pela empresa Carbonext.

As disputas entre os empresários ficaram evidentes após a Carbonext cobrar explicações sobre a referida sobreposição quase dois meses após a geração dos créditos no projeto em questão. Em resposta, o empresário Ricardo Stoppe Júnior, dono do grupo Ituxi, acusou a Carbonext e a petroleira Shell, que recentemente adquiriu parte da empresa, de maneira agressiva.

A Carbonext, em comunicado, afirmou ter acionado judicialmente para interromper o projeto, suspender a venda dos créditos e interromper os recebimentos. Já a Shell negou ter utilizado ou comercializado os créditos gerados pelos projetos investigados pela PF.

O caso envolve a parceria entre Ituxi e Carbonext para gerar créditos de carbono e obter uma receita milionária com a venda desses créditos. A PF aponta a presença de grilagem nos projetos, com Stoppe Júnior sendo apontado como líder de uma organização criminosa responsável por essa prática.

Após a operação Greenwashing, realizada em junho pela PF, cinco prisões preventivas foram feitas, incluindo a de Stoppe Júnior. No entanto, não houve prisões ou busca e apreensões relacionadas à Carbonext, que não é considerada parte da organização criminosa.

As empresas que adquiriram os créditos são tratadas pela polícia como vítimas, e a responsabilidade sobre a titularidade das terras e a geração dos créditos está sendo questionada. A Carbonext afirmou que, apesar das investigações, a validade da geração dos créditos não foi comprometida, mas rescindiu os contratos após a operação policial.

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