Giovanni Sartori (1924-2017): O Operador da Democracia e seus Desafios na Máquina Política Brasileira

O renomado cientista político italiano, Giovanni Sartori, foi um dos grandes pensadores da democracia, cujas ideias continuam sendo relevantes mesmo após a sua morte em 2017, aos 92 anos. Para Sartori, a democracia é como uma máquina que precisa de operadores qualificados para funcionar adequadamente. No entanto, ele ressalta que muitas vezes nos concentramos apenas na estrutura da máquina, esquecendo a importância dos operadores.

Segundo Sartori, a estrutura constitucional de um país é o maquinismo da democracia, e ele criticava duramente a Constituição brasileira, que, em sua visão, continha dispositivos ineficazes e promessas irrealizáveis. No entanto, o cientista político reconhecia que o presidencialismo de coalizão, com um Executivo forte e a delegação de poderes ao Judiciário e Ministério Público, é uma forma decente de maquinário democrático.

Apesar de reconhecer os pontos positivos desse sistema, Sartori alertava para o risco de imobilismo e destacava a importância de operadores políticos eficientes para forjar consensos e garantir a governabilidade. No entanto, ele ressaltava que, mesmo com um funcionamento eficaz da máquina democrática, isso não necessariamente resultava em um bom governo.

O desafio atual, segundo Sartori, está em encontrar operadores políticos capazes de formar coalizões efetivas, baseadas em crenças tecnicamente fundamentadas e com apoio popular. A ausência desses operadores pode levar a um mau governo, mesmo em um ambiente de governabilidade aparente.

Portanto, as ideias de Giovanni Sartori nos levam a refletir não apenas sobre a estrutura democrática de um país, mas também sobre a importância dos atores políticos que a operam. Somente com operadores políticos qualificados e comprometidos é possível garantir não apenas a governabilidade, mas também um bom governo para a sociedade.

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