Em entrevista à reportagem, MC Sombra, um cantor de hip-hop de 48 anos, manifestou sua posição em favor da legalização da maconha, destacando a importância da autorização para o cultivo caseiro da planta como um passo fundamental para a integração dos usuários na sociedade. Ele enfatizou que, para ele, a maconha foi uma alternativa mais segura em comparação ao álcool, ajudando-o a controlar seu consumo de bebidas alcoólicas.
Apesar da decisão do STF, o consumo de maconha continua proibido em todas as situações, sendo considerado um ato ilícito. A mudança principal com a descriminalização é que os usuários não serão mais processados criminalmente, mas sim autuados por uma infração administrativa, podendo receber advertências ou serem obrigados a frequentar cursos.
Dentro do contexto do julgamento, a definição dos critérios que distinguem o porte de uso pessoal da maconha do tráfico ainda está pendente. Ministros do STF propuseram limites de quantidade de 25 a 60 gramas para uso pessoal, e a expectativa é que critérios objetivos sejam estabelecidos em breve.
A discussão sobre a autorização do cultivo caseiro da maconha também foi abordada, com a sugestão de permitir até seis plantas fêmeas por usuário. Essa medida, segundo o educador Carlos Rodrigues, poderia contribuir para a redução do poder do tráfico de drogas e para uma maior informação sobre o produto consumido.
Apesar das expectativas geradas pela decisão do STF, alguns entrevistados expressaram ceticismo em relação aos avanços na política de drogas no Brasil. O jornalista Bruno Ferreira, usuário de maconha e CBD, destacou que a questão envolve interesses financeiros e culturais, e que a evolução da pauta da legalização das drogas pode estar condicionada a fatores além de argumentos científicos.
Nesse sentido, a decisão do STF sobre a descriminalização do porte de maconha para uso pessoal representa um avanço significativo, mas ainda há desafios a serem superados na construção de uma política de drogas mais justa e eficaz no país. A expectativa agora é que o debate público e as medidas adotadas caminhem em direção a uma regulamentação mais ampla e equitativa em relação ao uso da maconha.