Operação Tarântula: A perseguição às trans e travestis em meio ao medo do HIV na década de 1980 no Brasil.

Nos anos 1980, o mundo viveu sob a sombra do HIV, uma doença que gerava medo e incertezas. A falta de informações claras contribuiu para a propagação de boatos e preconceitos, como a ideia equivocada de que o vírus era exclusivo de homossexuais. Nesse contexto de desinformação e preconceito, ocorreu a Operação Tarântula, um dos episódios mais vergonhosos da história brasileira.

A operação foi liderada pelo delegado José Wilson Richetti, cujo objetivo era “limpar a cidade” de tudo que considerava ofensivo aos “bons costumes”. A perseguição indiscriminada à população trans e de travestis da Grande São Paulo começou em 27 de fevereiro de 1987 e durou até 10 de março do mesmo ano. Centenas de pessoas foram submetidas a situações humilhantes, com a polícia agindo de forma truculenta e violenta.

Outras operações semelhantes, como a Arrastão e a Limpeza, também foram realizadas, visando reprimir mulheres trans e travestis e “espantar a clientela” para reduzir a propagação do HIV. A polícia agia de maneira homofóbica, utilizando a desculpa da saúde pública para justificar a violência e a perseguição às minorias.

O Largo do Arouche, espaço de resistência LGBTQIA+ desde os anos 1950, era alvo frequente das autoridades, que buscavam reprimir as manifestações de identidade e afeto desse grupo. A ação da polícia foi comparada a práticas ditatoriais, tratando as minorias como “elementos subversivos” devido à sua sexualidade.

Apesar dos mais de 35 anos passados, a perseguição às trans e travestis ainda persiste no Brasil. Em 2023, foram registradas 155 mortes de pessoas trans, a maioria resultante de assassinatos ou suicídios após serem vítimas de violência. A brutalidade da polícia e a falta de apoio da sociedade evidenciam a urgência de combater o preconceito e a discriminação contra essa população vulnerável.

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