Com base em 673 entrevistas, predominantemente com mulheres negras evangélicas, o estudo mostrou que 91% dos participantes consideram importante que as igrejas abordem a questão ambiental. No entanto, grande parte deles relatou que suas igrejas não possuem ações voltadas para o meio ambiente, ou que estas não são claras.
A pesquisa também revelou que, embora reconheçam a responsabilidade da humanidade nas mudanças climáticas, os evangélicos ainda têm dúvidas sobre como agir para mitigar esses problemas. Atividades como reciclagem, coleta de lixo e construção de hortas foram mencionadas como ações realizadas em algumas igrejas, mas ainda há um desconhecimento em relação à abordagem mais ampla dessas questões.
É interessante notar que, mesmo sendo um segmento que em sua maioria votou em Jair Bolsonaro, os evangélicos não estão alinhados com todas as suas ideias, especialmente em relação à questão ambiental. Enquanto o presidente nega problemas como queimadas na Amazônia, a maioria dos fiéis discorda dessa visão, mostrando uma maior preocupação com a preservação do meio ambiente.
No entanto, a pesquisa destacou que as lideranças religiosas ainda não dão grande protagonismo ao tema ambiental, apesar do interesse por parte dos fiéis. A relação entre o campo religioso e político no Brasil pode influenciar nessa falta de prioridade, já que a aliança com setores como o agronegócio pode impedir investimentos institucionais nas questões ambientais.
Portanto, apesar do reconhecimento da importância da agenda ambiental pelos evangélicos, ainda há um caminho a percorrer para que a atuação prática e efetiva no combate às mudanças climáticas se torne uma realidade nas igrejas desse segmento. Essa pesquisa serve como um alerta sobre a necessidade de envolver mais atores, incluindo as lideranças religiosas, nesse importante debate sobre o futuro do planeta.