Desde o início de agosto, esse grupo de acolhidos se desloca diariamente da Vila Mariana, na zona sul da capital, até Santa Cecília, na região central, onde as aulas começam às 18h30. Para Jasiel, a rotina é cansativa, pois durante a manhã e a tarde ele trabalha e faz um curso de elétrica pelo Senai. No entanto, mesmo com a correria do dia a dia, ele afirma que dar o maior passo de sua vida vale a pena, pois acredita que estudar é a chave para aprender e se desenvolver.
Chaddad Alexandre Bento de Oliveira, de 39 anos, também foi incentivado por Jasiel a concluir o Ensino Médio. Antes de se envolver com drogas, Chaddad cursava o ensino médio em técnico de enfermagem. Agora, ele retomou seu antigo sonho de trabalhar na área da saúde e participa de um curso de cuidador de idosos que permitirá sua entrada no mercado de trabalho em breve. Seu objetivo é adquirir autonomia e recomeçar sua vida.
William Castro, de 34 anos, voltou a estudar para não depender de ninguém em tarefas do dia a dia. Ele conta que tem dificuldades para ler e preencher fichas, mas está motivado e considera gratificante o seu retorno à escola. Há 11 anos, William é dependente químico e decidiu mudar de vida no início de 2023. Desde que começou o tratamento na Casa Terapêutica, sua mãe, que é alcoólatra, também parou de beber.
Os três acolhidos fazem parte da terceira fase do programa das Casas Terapêuticas, chamada Transformar. Nessa etapa, eles são inseridos no mercado de trabalho e iniciam o processo de construção da autonomia. A média de duração dessa fase é de seis meses.
O programa das Casas Terapêuticas do estado de São Paulo foi criado para inovar o tratamento de dependentes químicos, especialmente aqueles que vivem em situação de rua. Ele oferece atendimento psicológico, assistência social, apoio pedagógico e terapia ocupacional, com o objetivo de desenvolver habilidades sociais, proporcionar um novo projeto de vida e alcançar autonomia financeira e moradia. O programa pode durar até dois anos, com acompanhamento por mais seis meses para evitar recaídas.
Na fase Transformar, os acolhidos recebem cursos de capacitação, oficinas socioeducativas e preparação para o mercado de trabalho. O programa conta com parcerias com instituições como o Mackenzie, Senai, Senac e Sebrae, buscando oferecer aos acolhidos diversas oportunidades de aprendizado e desenvolvimento.
A gestora da unidade, Shirley Benevides, destaca que o processo de transformação começa desde a primeira fase do programa, mas é na terceira fase que os acolhidos estão realmente preparados para caminhar com suas próprias pernas, conquistar sua moradia e se reinserir na sociedade de forma autônoma.
O exemplo de superação e dedicação de Jasiel, Chaddad e William é inspirador e mostra como a educação pode ser uma ferramenta fundamental na transformação de vidas. Ao retomarem os estudos, eles estão abrindo portas para um futuro melhor, com mais oportunidades e perspectivas. O apoio do Governo de São Paulo e das instituições parceiras é fundamental nesse processo, pois oferece suporte e recursos para que esses acolhidos possam alcançar seus objetivos e conquistar sua autonomia.
