O depoimento dado posteriormente pelo autor da ameaça, que se identificou como “apanhador de café”, tentou minimizar a gravidade das palavras, afirmando se tratar de uma “brincadeira”. No entanto, a polícia não vai encarar o caso de forma leviana e o trabalhador poderá ser indiciado por ameaçar funcionários públicos.
Essa situação ressalta um problema recorrente no setor agrícola, especialmente no cultivo de café. Dados do Ministério do Trabalho e Emprego revelam que, somente no ano passado, houve o resgate de 300 trabalhadores nessa atividade, sendo que o estado de Minas Gerais liderou o ranking de resgates, seguido de perto por Goiás.
A referência à Chacina de Unaí, que ocorreu em 2004 e vitimou três fiscais e um motorista durante uma fiscalização em fazendas da região, serve como alerta para a gravidade das ameaças feitas contra os agentes públicos. Mesmo após duas décadas, o caso ainda desperta temor entre os auditores, especialmente os que atuam em Minas Gerais.
Recentemente, um dos mandantes do crime, o ex-prefeito Antério Mânica, foi preso após mais de 19 anos de espera devido a recursos protelatórios e entraves no processo. Ele e seu irmão Norberto, grandes produtores rurais do país, foram apontados pela Polícia Federal como os responsáveis pela chacina.
Diante desse cenário, é fundamental que medidas urgentes sejam tomadas para garantir a segurança dos fiscais do trabalho no exercício de suas funções e para combater a exploração e violações de direitos trabalhistas no meio rural. A ameaça feita pelo trabalhador do café não pode ser encarada como uma simples brincadeira, mas como um alerta para a necessidade de proteção das autoridades que lutam por um trabalho digno e justo.