Ao adentrar o bairro devastado, a paisagem é desoladora. Paredes de casas derrubadas, fios elétricos espalhados, roupas e objetos danificados pelo barro refletem a magnitude da tragédia. O cenário lembra uma zona de guerra, com o silêncio quebrado apenas pelo chilrear dos pássaros e o som distante de carros do município vizinho, Estrela, também afetado pela inundação.
A pequena igreja de Nossa Senhora de Fátima foi uma das edificações que sucumbiram à força das águas, restando apenas destroços do que um dia foi um espaço de culto. No entanto, a estátua da santa resistiu à enchente, tornando-se um símbolo de esperança em meio à devastação. O padre da capela, Ezequiel Perin, planeja construir um memorial em homenagem às vítimas, destacando a importância da fé mesmo diante da destruição.
Enquanto isso, moradores como Sabrina Cristiane Cardoso e Kelly Talita Monteiro da Rosa buscam recuperar o que restou de suas casas, com a intenção de reconstruir suas vidas em Lajeado, município vizinho. No entanto, a falta de auxílio do poder público preocupa, com as duas amigas relatando dificuldades financeiras para adquirir materiais de construção e sustentar suas famílias.
A tragédia causada pela cheia do rio Taquari deixou um rastro de destruição ao longo de cinco quilômetros, com casas e prédios em ruínas e marcas da lama cobrindo a cidade. O desafio agora é reconstruir o que foi perdido e superar os impactos dessa calamidade natural que mudou para sempre a paisagem e a vida dos moradores de Cruzeiro do Sul.