Embora a cetamina tenha aplicação terapêutica regulamentada no combate à depressão crônica, seu uso recreativo e sem supervisão médica pode acarretar sérios riscos à saúde dos usuários. Especialistas alertam que a diferença entre veneno e remédio está na dose e na forma de utilização da substância. O psiquiatra Vinicius Benício ressalta que o uso recreativo da cetamina pode agravar quadros de depressão e que seu emprego para casos graves deve ocorrer em ambiente hospitalar.
O professor Dartiu Silveira, da Unifesp, destaca a revolução que a droga causou no tratamento da depressão crônica, porém, adverte para os perigos do uso descontrolado, que pode deixar o usuário vulnerável ou levar a distúrbios dissociativos. Um cenário de uso contínuo pode resultar em uma realidade fantasiosa e paralela, como ocorreu com Djidja e sua família, que, segundo relatos, estavam constantemente sob os efeitos da cetamina.
A cetamina, associada frequentemente ao público LGBT e rejeitada pela geração Z, tem sido alvo do tráfico ilegal, com traficantes vendendo a substância em caixas ou frascos a preços elevados. O uso da droga se intensificou durante a pandemia, refletindo o aumento de casos de depressão e ansiedade. A Polícia Federal registrou um crescimento nas apreensões de cetamina nesse período, com a maior parte dos casos ocorrendo em São Paulo. A pasta da Justiça e Segurança Pública está atenta ao uso não terapêutico da substância e avalia produzir um boletim específico sobre o assunto.
Os especialistas alertam que a cetamina utilizada recreativamente difere da versão terapêutica, sendo a primeira geralmente a versão veterinária do medicamento. Ainda assim, é crucial ter cautela quanto ao uso irregular, pois as variantes da droga têm efeitos distintos. Portanto, é fundamental conscientizar a população sobre os perigos e os riscos associados ao uso não terapêutico da cetamina.