Setembro Verde: Necessidade de doação de órgãos é destacada em meio a queda no número de transplantes durante a pandemia

No mês de setembro, é promovido um esforço para conscientizar a população sobre a importância da doação de órgãos. Essa iniciativa é de extrema relevância, pois salvar vidas e melhorar a qualidade de vida das pessoas depende da generosidade dos doadores. No Estado de São Paulo, existem duas leis que incentivam essa prática: a Lei nº 15.463/2014, que instituiu a Campanha Setembro Verde, e a Lei nº 13.034/2008, que criou a Semana de Incentivo à Doação de Órgãos para Transplantes.

É preocupante observar que, nos últimos três anos, houve uma queda significativa no número de transplantes de órgãos no Brasil, devido à pandemia de Covid-19. De acordo com a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), ainda não foi possível retornar aos patamares anteriores. Atualmente, mais de 50 mil pessoas estão na Lista Única Nacional à espera de um transplante para sobreviver e ter uma melhor qualidade de vida. É importante ressaltar que o Estado de São Paulo é o líder na fila de espera, com aproximadamente 25 a 30 mil pacientes aguardando por um órgão.

No primeiro trimestre de 2023, o Registro Brasileiro de Transplantes (RBT) registrou um aumento de 6% na taxa de doadores efetivos, totalizando 17,5 por milhão de população. A meta para o ano é um aumento de 10%. Entre janeiro e março, foram realizados 2.023 transplantes de órgãos, incluindo coração, fígado, intestino, multivisceral, pâncreas, pulmão e rim. Além disso, foram realizadas 3.673 doações de tecidos e 1.026 de medula óssea.

É importante destacar que a doação pode ocorrer tanto em vida quanto em caso de morte encefálica, desde que haja autorização da família. Por isso, é fundamental comunicar aos familiares o desejo de ser um doador. A dra. Ilka Boin, coordenadora da unidade de Transplante do Hospital das Clínicas da Unicamp e membro da diretoria da ABTO, explica que é possível doar metade do fígado em vida para outra pessoa que sofra de doença hepática ou terminal.

No entanto, é necessário esclarecer um equívoco comum: a morte encefálica não é o mesmo que estar em coma avançado. A dra. Ilka Boin ressalta que a morte encefálica é um estado irreversível, onde não há oxigenação no cérebro, e existem apenas poucas horas para efetuar a doação. Diferentemente do coma avançado, onde a pessoa ainda respira normalmente, na morte encefálica, não há mais atividade cerebral.

Outro ponto importante é que o doador com morte encefálica não apresenta deformações no corpo. Existe um trabalho de recomposição corporal que garante uma despedida digna ao ente querido que doou seus órgãos. É uma oportunidade de oferecer vida a alguém que poderá usufruir de funções básicas como andar, ir ao banheiro normalmente, sentir o gosto dos alimentos, entre outras coisas.

Quando uma pessoa necessita de um transplante, os Sistemas Estaduais de Transplantes são responsáveis por incluí-la na Lista Única Nacional. Geralmente, a doação é realizada dentro do próprio Estado, mas em situações críticas, o órgão pode ser transportado para outro Estado. É importante ressaltar que a compatibilidade do órgão é levada em consideração para que o transplante seja bem-sucedido.

Em resumo, a doação de órgãos é fundamental para salvar vidas e proporcionar uma melhor qualidade de vida às pessoas. No entanto, é essencial que haja conscientização da importância desse ato e que as pessoas declarem seu desejo de ser um doador. Além disso, é necessário desmistificar a morte encefálica para que mais famílias autorizem a doação de órgãos. Portanto, é fundamental que haja um esforço contínuo para promover a doação de órgãos e aumentar o número de transplantes realizados.

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