Como parte do acordo, Lula abriu espaço na Esplanada para o PP e o Republicanos, dando em troca cargos no governo. Juntos, os partidos têm 49 e 41 deputados, respectivamente.
Com a saída de Ana Moser, o recorde de mulheres no primeiro escalão obtido durante a transição de governo foi perdido. O número inicial de mulheres era de 11 em 37 pastas, e agora, com a substituição de Ana Moser por um homem, são 10 em 38. O maior patamar até então havia sido atingido por Dilma Rousseff (PT), que teve 10 mulheres em 37 ministérios.
Antes da queda de Ana Moser, Lula já havia trocado a ministra Daniela Carneiro por Celso Sabino no Ministério do Turismo. A demissão da ex-atleta ocorre em momento em que o presidente é pressionado para ampliar a participação feminina em suas indicações, especialmente para a vaga de Rosa Weber no Supremo Tribunal Federal. No entanto, a tendência atual é que ele escolha um homem próximo e em quem confie para a vaga.
A redução da participação feminina na Esplanada poderia ter sido ainda maior, pois a pasta da ministra Luciana Santos chegou a estar ameaçada de entrar nas negociações, mas essa hipótese foi afastada.
Lula já havia avisado a cúpula do PT em agosto que a acomodação dos neoaliados do centrão envolveria sacrifícios em pastas comandadas pelo partido e pelo PSB, além das chefiadas por ministros sem padrinhos políticos. A reforma atingiu o PSB, mas protegeu o PT.
Márcio França, titular de Portos e Aeroportos, foi deslocado para o novo Ministério de Micro e Pequena Empresa. O PSB também se queixou por dar espaço a partidos que estavam alinhados com Bolsonaro. No entanto, as bancadas do Nordeste do Republicanos e do PP, apoiadores de Lula, trabalharam para sacramentar a aliança.
Além disso, a expectativa é que o PP também receba o comando da Caixa Econômica Federal, em uma troca que deve ser oficializada posteriormente.
A reforma ministerial de Lula preservou o PT no primeiro escalão, mas houve sacrifícios em pastas comandadas por aliados e por ministros sem padrinhos políticos. A pasta do Desenvolvimento Social chegou a ser ameaçada, mas a avaliação foi de que era muito central para o governo.
Ana Moser, ex-jogadora de vôlei e medalhista olímpica, foi demitida da pasta do Esporte e substituída por um homem. Sua nomeação contou com apoio de ONGs, atletas e confederações esportivas. Durante a campanha, ela fez parte de um grupo de atletas que atuaram pela eleição de Lula.