Essa falta de aplicação dos recursos tem gerado preocupação entre especialistas da área. O engenheiro e pesquisador Gerardo Portela, PhD em Gerenciamento de Riscos e Segurança, classifica como um “desperdício” o fato de o Brasil não ter utilizado integralmente os recursos destinados à prevenção e resposta a desastres naturais. Para Portela, a falta de investimento em medidas preventivas demonstra a falta de compreensão das autoridades sobre a gravidade dos fenômenos climáticos e sua capacidade de causar danos.
Além disso, a atuação da Defesa Civil tem sido questionada, uma vez que o órgão não tem a função de realizar obras de infraestrutura para prevenir desastres naturais. Portela defende a criação de um ministério específico para desenvolver projetos de infraestrutura capazes de lidar com os riscos ambientais de forma preventiva e contínua.
O cenário recente no Brasil tem sido de intensos desastres naturais, com estados como o Rio Grande do Sul enfrentando alagamentos que resultaram em tragédias e inúmeras vítimas. Apesar disso, as ações de resposta e recuperação têm recebido mais recursos do que as medidas preventivas. O atual governo, presidido por Jair Bolsonaro, registrou os menores investimentos no programa de Gestão de Riscos e Desastres nos últimos anos.
Diante desse contexto, especialistas alertam para a necessidade de um maior investimento em prevenção e infraestrutura, a fim de reduzir os impactos dos desastres naturais e proteger a população. O Brasil precisa repensar sua política de gestão de riscos e desastres, priorizando medidas preventivas e ações de longo prazo para garantir a segurança e o bem-estar da sociedade diante dos desafios climáticos cada vez mais frequentes.