Além das apresentações do espetáculo, o grupo também está promovendo rodas de conversa sobre acessibilidade cultural de qualidade, conduzidas pelo elenco juntamente com o ator surdo Ricardo Boaretto. Ricardo é responsável pela adaptação do texto para libras e visual vernacular, um recurso artístico e poético próprio da língua de sinais. O Moitará, que pesquisa a relação da libras com a linguagem da máscara teatral há 36 anos, explorou essa temática ao longo de dez anos de trabalho com artistas surdos e ouvintes.
Segundo Venício Fonseca, fundador do grupo e diretor do espetáculo, a máscara teatral e a língua de sinais têm em comum uma linguagem imagética, física e corporal, facilitando a compreensão. “A Busca” faz parte de uma trilogia sobre a temática do feminino, sendo o segundo espetáculo dessa série, que culminará em uma peça sobre a ancestralidade feminina de raízes brasileiras.
A montagem do espetáculo ocorreu antes da pandemia da covid-19 e foi adaptada para incluir acessibilidade de qualidade, conforme destacado por Fonseca. O uso de libras e visual vernacular, aliados à linguagem artística e teatral, proporcionam uma experiência sensorial única ao espectador. A proposta da cena poema, presente nos espetáculos da trilogia sobre o feminino, visa trabalhar com sensações para que o público participe ativamente da construção da história.
Com um elenco formado por Erika Rettl, Jhonatas Narciso e o próprio Venício Fonseca, a peça foi contemplada pelo Edital de Chamada Emergencial de Apoio ao Teatro Evoé RJ – Categoria Circulação e conta com o apoio de diversos órgãos e instituições. Os ingressos estão sendo trocados por um quilo de alimentos não perecíveis, que serão doados a instituições beneficentes. A acessibilidade cultural não apenas enriquece a experiência teatral, mas também promove a inclusão social dos surdos, uma parcela significativa da população brasileira que depende da libras para se comunicar. “A Busca” está em cartaz no espaço cultural Moitará, na Lapa.