Influência americana: uso de termos em inglês no ambiente corporativo e o complexo de vira-lata, segundo o filósofo Luiz Felipe Pondé.

No programa Provoca desta quinta-feira, o renomado filósofo Luiz Felipe Pondé abordou o uso cada vez mais frequente de termos em inglês no ambiente corporativo. Expressões como “job”, “call” e “brainstorming” têm se tornando parte comum do vocabulário empresarial, o que levanta um questionamento sobre como essa prática se relaciona com o chamado “complexo de vira-lata” presente na sociedade brasileira.

Pondé pontua que a influência dos Estados Unidos no mundo dos negócios tem impulsionado essa tendência de apropriação linguística. No entanto, ele ressalta que o problema não está necessariamente na utilização desses termos em si, mas sim na atitude por trás dessa escolha. Para o filósofo, o problema está quando as pessoas se sentem superiores e orgulhosas por dominarem essas expressões em detrimento daqueles que não as conhecem.

Em suas palavras, ele comenta: “Aqui [no Brasil], acho que o sinal de viralatisse não está especialmente no fato de você usar um conceito inglês no meio da conversa. A viralatisse está num certo orgulho de você sentir que sabe falar esse termo, e que você pode, inclusive, usar esse termo e o outro não saber o que você está falando”. Essa reflexão traz à tona não apenas a questão do uso de termos estrangeiros, mas também as dinâmicas de poder e exclusão que podem estar por trás dessa prática.

O programa Provoca também abordou o “complexo de vira-lata”, conceito cunhado pelo renomado cronista Nelson Rodrigues. A discussão proposta por Pondé e sua análise crítica sobre a influência dos Estados Unidos e o uso de termos em inglês no ambiente empresarial se mostram relevantes para a compreensão não apenas da linguagem, mas também das relações sociais e do poder. É importante refletirmos sobre como as escolhas linguísticas podem refletir não apenas conhecimento, mas também atitudes e valores subjacentes.

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