Ameaça ao Parto Domiciliar Planejado: Decisão Judicial Pode Pôr em Risco a Assistência de Enfermeiras e Obstetrizes no Brasil

O Parto Domiciliar Planejado (PDP) no Brasil vem enfrentando desafios que colocam em xeque a prática assistida por enfermeiras e obstetrizes. Uma ação civil pública movida pelo Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) em 2018, que está em análise no Superior Tribunal de Justiça (STJ) desde setembro do ano passado, coloca em risco a continuidade dessa modalidade de parto.

Os médicos que entraram com a ação solicitaram que as enfermeiras obstétricas Halyne Pessanha e Heloisa Lessa fossem proibidas de realizar partos domiciliares, e pediram que a proibição fosse estendida para toda a categoria da enfermagem. Após uma decisão favorável às enfermeiras em primeira instância em 2021, o Tribunal Regional Federal da 2ª Região reverteu a decisão no ano seguinte em favor do conselho.

Heloisa Lessa, uma das enfermeiras envolvidas, alerta que uma decisão favorável ao Cremerj pode significar o fim do parto domiciliar assistido por enfermeiras, colocando em risco a segurança das gestantes. Ela ressalta que as mulheres não deixarão de dar à luz em casa, mas o farão de forma menos assistida e mais insegura.

A questão da segurança é um dos motes do Cremerj, que defende que os partos devem ocorrer em ambientes hospitalares para garantir a pronta intervenção em casos de emergência. O Conselho Federal de Medicina (CFM) também preconiza a realização do parto em ambiente hospitalar por considerá-lo mais seguro.

No entanto, o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) defende o direito das mulheres de escolherem o tipo de parto que desejam, desde que devidamente informadas sobre os riscos e benefícios. Em 2021, o ministério da Saúde publicou uma nota técnica reconhecendo o direito das gestantes de escolherem o local do parto, mas desaconselhando o parto domiciliar por questões de segurança.

Os números apontam que os partos domiciliares representam menos de 1% dos nascimentos no Brasil nos últimos anos, com uma queda significativa na região Norte e Nordeste e um aumento nas demais regiões do país. Apesar das polêmicas e das disputas judiciais, o debate sobre o Parto Domiciliar Planejado continua em pauta, com defensores e críticos apresentando argumentos que visam garantir a segurança e qualidade do atendimento às gestantes em todo o país.

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